As eleições presidenciais realizadas neste domingo (17) na Bolívia indicam um segundo turno entre dois candidatos de perfis distintos. Segundo resultados preliminares, o senador Rodrigo Paz (PDC), de centro, lidera com 32,14% dos votos, seguido pelo ex-presidente conservador Jorge “Tuto” Quiroga (Alianza Libre), com 26,81%.
Pesquisas de boca de urna da Unitel e da Ipsos Ciesmori confirmam essa tendência. O segundo turno está marcado para 19 de outubro.
Rodrigo Paz, a aposta de centro
Aos 55 anos, Rodrigo Paz Pereira tenta se consolidar como opção de centro na polarizada política boliviana. Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989–1993), cresceu em meio ao ambiente político. Atuou como deputado, vereador e foi prefeito de Tarija, onde ganhou destaque pela ênfase em obras de infraestrutura e pelo foco na gestão fiscal.
Atualmente senador, Rodrigo Paz se apresenta como liderança moderada, defendendo estabilidade econômica, investimentos externos e fortalecimento das instituições. Tem apoio sobretudo de jovens urbanos e eleitores contrários à polarização das últimas duas décadas.
Sua carreira, porém, é marcada por polêmicas. Na gestão como prefeito de Tarija, foi investigado por supostas irregularidades na construção da chamada “Puente Millonario”. O Ministério Público apura o caso, mas Paz nega e diz ser vítima de “perseguição política” do MAS.
Jorge 'Tuto' Quiroga, um velho conhecido
Aos 65 anos, Jorge “Tuto” Quiroga é uma das figuras históricas da direita boliviana. Formado em engenharia nos EUA, foi vice de Hugo Banzer e assumiu a presidência em 2001, governando até 2002 com políticas liberais e alinhamento aos americanos.
Após tentativas frustradas de voltar ao poder em 2005 e 2014, manteve-se ativo como crítico de Evo Morales e Luis Arce. Em 2025, lançou-se pela coalizão Libre, defendendo cortes de subsídios, modernização do Estado, combate ao narcotráfico e abertura econômica.
Quiroga, no entanto, acumula polêmicas: teve papel na crise de 2019, quando Morales deixou o país, foi representante internacional no governo Jeanine Áñez e renunciou para disputar a eleição de 2020. Mais recentemente, rompeu com blocos oposicionistas e decidiu concorrer sozinho, sendo acusado de priorizar ambições pessoais em detrimento da unidade contra o MAS.