O deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), relator na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do caso de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta segunda (2) que os recursos do presidente da Câmara para anular seu processo de cassação são extemporâneos e devem ser ou rejeitados ou suspensos.
Nascimento, que é advogado de formação, usa como argumento a ausência no regimento da Câmara e no Código de Ética da Casa de permissão para recursos à CCJ nessa fase do processo de cassação, que corre no Conselho de Ética da Casa.
O deputado afirma que irá estudar se há algum dispositivo regimental que permita uma analogia com o Código de Processo Penal para que esses recursos sejam congelados; até a decisão final do Conselho.
Cunha é alvo de processo de cassação no Conselho de Ética desde o início de novembro de 2015 sob a acusação de quebrar o decoro parlamentar ao negar, em depoimento à CPI da Petrobras, a existência de contas no exterior.
O Conselho deve levar em conta ainda as que o levaram a responder a um processo, uma denúncia e três inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal).
Devido a sucessivas manobras de Cunha e de aliados, porém, o processo de cassação só conseguiu superar a fase inicial de análise se há indícios mínimos para a investigação em março. A expectativa do Conselho é votar o relatório final em junho.
Mesmo sem haver previsão no regimento, Cunha entrou com recurso na CCJ sob a alegação de que o conselho cometeu uma série de ilegalidades no processo contra ele, desde a supressão do amplo direito de defesa à análise de temas que não fizeram parte do relatório preliminar.
Entre outros pedidos, ele requer a anulação de todo o trabalho do conselho e a volta à estaca zero. Pelas regras da Casa, só cabe recurso à CCJ após a decisão final do Conselho, e mesmo assim para análise de questões formais do processo, não do mérito.