O governador do Piauí, Rafael Fonteles, afirmou nesta quinta-feira (31) que o Brasil deve agir com firmeza e independência nas negociações com os Estados Unidos diante da ameaça de um tarifaço sobre produtos brasileiros. A declaração foi dada durante o evento "Diálogos O Globo", que contou também com a participação do governador de Minas Gerais, Romeu Zema.
Como presidente do Consórcio Nordeste, Fonteles está à frente de uma articulação regional para conter os impactos das medidas tarifárias anunciadas pelos EUA. Ele destacou que, mesmo com a exclusão de alguns itens da lista inicial de sobretaxas, certos estados nordestinos ainda enfrentam risco de perder até 40% das suas exportações.
“No caso do Piauí, menos de 5% das nossas exportações têm como destino os Estados Unidos, enquanto 65% vão para a China. Mas há estados da região que serão profundamente afetados. Vamos levar essa preocupação ao presidente Lula e ao vice-presidente Geraldo Alckmin na próxima semana”, afirmou o governador.
Fonteles ressaltou ainda que o estado do Piauí tem buscado alternativas, como a abertura de novos mercados. “Conseguimos, por meio da Investe Piauí, acessar o mercado japonês para o mel, o que ajuda a mitigar parte dos prejuízos”, completou.
Ele também elogiou o trabalho do governo federal na condução das negociações. Segundo o governador, a atuação diplomática de Geraldo Alckmin tem sido eficiente, resultando na retirada de cerca de 700 produtos da lista americana, incluindo itens importantes como os da Embraer.
“O Brasil tem demonstrado responsabilidade fiscal, com geração de empregos em alta e inflação sob controle. A política econômica está no caminho certo, e não se pode dizer que há descontrole de gastos”, comentou Fonteles.
Sobre os programas sociais, o governador defendeu a manutenção das transferências de renda, como o Bolsa Família, destacando o esforço do governo federal em fiscalizar os pagamentos e promover oportunidades de trabalho para que os beneficiários possam gradualmente deixar a dependência do auxílio.
“Retirar o Brasil do Mapa da Fome é uma prioridade, e isso exige um olhar atento para os mais vulneráveis, sem abrir mão da responsabilidade fiscal. A estabilidade virá com equilíbrio entre crescimento econômico, política social e juros mais baixos”, concluiu.