Eleito presidente em segundo turno neste domingo (30), Luiz Inácio Lula da Silva se cercou de políticos experientes e de novas lideranças para pavimentar o caminho de volta ao Palácio do Planalto, onde, a partir de 1º de janeiro de 2023, deve cumprir seu terceiro mandato como chefe do Executivo nacional.
Além da federação constituída por PT, PCdoB e PV, a coligação registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reuniu o apoio político dos partidos PSB, Solidariedade, PSOL, Rede, Agir, Avante e Pros. No segundo turno, somaram-se os apoios de PDT, Cidadania, PCB, PSTU, PCO e UP.
Durante a disputa eleitoral, Lula chegou a anunciar a intenção de criar ministérios para temas como populações indígenas, previdência, pesca e segurança pública. Até este domingo, no entanto, o candidato agora eleito não havia anunciado a escolha de nenhum ministro do futuro governo.
Os políticos listados abaixo como membros do "núcleo político" de Lula podem compor parte da Esplanada dos Ministérios ou, ao menos, participar do processo de escolha dos titulares.
PLANO DE GOVERNO
Geraldo Alckmin
Vice-presidente eleito neste domingo (30), Geraldo Alckmin tem 69 anos, migrou para o PSB para compor a chapa com Lula. Em 2006 e 2018, Alckmin foi o candidato do PSDB à Presidência da República. Na primeira vez, chegou ao segundo turno contra Lula (então candidato à reeleição), mas recebeu 39,17% dos votos válidos e foi derrotado. Em 2018, terminou em quarto lugar com 4,76% dos votos.
Gleisi Hoffmann tem 57 anos e é deputada federal pelo Paraná. Antes, foi senadora entre 2011 e 2019 e ministra-chefe da Casa Civil do primeiro governo Dilma Rousseff. Desde 2017, é a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores.
Gleisi foi uma das interlocutoras do agora presidente eleito durante o tempo em que ele esteve encarcerado. Após a soltura do petista, a presidente nacional do PT seguiu próxima de Lula e foi uma das defensoras da candidatura ao Planalto quando ele ainda estava inelegível. Com o começo da articulação para a campanha, assumiu a função de coordenadora-geral.
Fernando Haddad
Fernando Haddad disputou o segundo turno como candidato ao governo de São Paulo, tendo como opositor Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos). O político tem 59 anos, é filiado ao PT desde 1985. Haddad é tido por petistas como uma das pessoas mais próximas de Lula nos últimos anos. A aproximação entre Lula e Alckmin que resultou na composição da chapa, por exemplo, teve articulação do político.
Em setembro daquele ano, no fim do prazo dado pelo TSE, Haddad assumiu a frente da chapa e anunciou Manuela D'Ávila (PCdoB) como vice. A dupla chegou ao segundo turno e recebeu 47 milhões de votos, mas foi derrotada por Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão.
Guilherme Boulos
Deputado federal eleito no primeiro turno com a maior votação do país, aos 40 anos, Guilherme Boulos coordenou a pré-campanha e a campanha de Lula em São Paulo. É um dos membros do "conselho político" da campanha. Boulos é coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST)
Randolfe Rodrigues
Um dos integrantes do chamado "conselho político" da campanha de Lula, Randolfe Rodrigues tem 49 anos e é senador pelo Amapá. O político é filiado à Rede Sustentabilidade, e está na coligação da chapa Lula-Alckmin.
Formado em história, foi deputado estadual do Amapá entre 1999 e 2006. É senador desde 2010, com mandato até 2026. Em 2021, foi vice-presidente da CPI da Covid no Senado.
Carlos Lupi
Presidente nacional do PDT, Carlos Lupi entrou na campanha petista após a derrota de Ciro Gomes, candidato do partido à Presidência. Ao lado de Lula, Lupi tem participado das negociações para ampliar apoio político à chapa Lula-Alckmin no Rio de Janeiro.
Lupi e o PDT só deixaram a base de governo no primeiro ano da gestão Dilma Rousseff, após denúncias de propina no Ministério do Trabalho para regularizar sindicatos e ONGs. Em 2018, e até o primeiro turno de 2022, o PDT de Carlos Lupi evitou alianças com o PT e preferiu lançar Ciro Gomes ao Planalto, sem sucesso.
Simone Tebet
Senadora e terceira colocada na disputa à Presidência. Filiada ao MDB, a candidata defendeu o impeachment de Dilma Rousseff e declarou voto em Jair Bolsonaro em 2018, mas disse ter se arrependido dessa escolha. Simone Tebet se tornou uma das militantes mais ativas da linha de frente da campanha. É cotada para assumir ministérios como Agricultura ou Educação no próximo governo.
André Janones
Surpreso com o desempenho e cortejado frequentemente pela cúpula do PT, Janones abriu mão da candidatura no fim do prazo definido pelo TSE e mergulhou na campanha petista.
Ex-filiado ao PT, o deputado federal reeleito por Minas Gerais levou consigo os apoios do Agir e do Avante. Desde então, Janones tem atuado no núcleo de redes sociais da campanha e na coordenação de comunicação da campanha.
Marina Silva
A ex-senadora Marina Silva se reaproximou do político há menos de dois meses. Em 2022, disputou pela primeira vez uma vaga na Câmara dos Deputados por São Paulo e foi eleita com 237.521 votos. A parlamentar é cotada para voltar ao Ministério do Meio Ambiente no novo governo Lula.
Responsável pela amarração do plano de governo da campanha, Aloizio Mercadante tem 68 anos e também é membro fundador do Partido dos Trabalhadores. Ao longo dos governos Dilma, Mercadante ocupou três pastas na Esplanada dos Ministérios – Educação, por duas vezes, Casa Civil e Ciência e Tecnologia. Foi também senador e deputado federal por São Paulo entre 1991 e 2011.
Luiz Dulci
Professor e sindicalista, Luiz Dulci é mais um dos membros fundadores do PT que, ainda hoje, atuam como conselheiros de Lula. O político tem 66 anos e, além de Lula, é o único integrante do PT a estar na direção do partido desde a fundação em 1980.
Ao lado de assessores antigos de Lula, o ex-ministro é conhecido por ser um dos responsáveis pelos discursos escritos do petista. Hoje, atua como assessor do Instituto Lula.
Gilberto Carvalho
Foi chefe de gabinete de Lula nos oito anos de mandato no Palácio do Planalto e, à época, era apontado como um dos principais conselheiros do então presidente. arvalho sucedeu Luiz Dulci na Secretaria-Geral da Presidência, pasta que chefiou durante todo o governo Dilma Rousseff (2011-2014).
O ex-ministro foi responsável por fazer a ponte entre a campanha e movimentos sociais na campanha deste ano. Após o afastamento de Dulci, cuidou também da agenda de Lula
José Guimarães
Vice-presidente nacional do PT, José Guimarães é deputado federal há quatro mandatos consecutivos (2007-2022). Formado em direito, trabalhou como bancário e se juntou ao PT em 1985. Participou da coordenação das campanhas de Lula em 1989 e 2002, e foi líder do governo Dilma na Câmara em 2013.
Guimarães foi citado em um dos principais escândalos, em 2005, quando um assessor de seu gabinete na Câmara foi flagrado no aeroporto de Congonhas (SP) portando dinheiro em uma mala e na cueca.
Jaques Wagner
O político foi o primeiro ministro do Trabalho e Emprego de Lula, ficando no cargo por pouco mais de um ano. Também foi ministro da Secretaria de Relações Institucionais de Lula, entre 2005 e 2006, e ministro da Defesa de Dilma em 2015.
Em 2016, comandava a Casa Civil de Dilma e abriu mão do cargo para abrir espaço para a nomeação do ex-presidente Lula. Fora do governo federal, Jaques Wagner foi governador da Bahia por dois mandatos, de 2007 a 2015, e é senador pela Bahia desde 2018 – ou seja, ainda tem quatro anos de mandato.
Wellington Dias
Wellington Dias tem 60 anos e é o coordenador da campanha de Lula no Nordeste. Ao todo, Wellington Dias governou o Piauí por quatro mandatos: entre 2006 e 2010, e entre 2014 e 2022. Em 2010, foi eleito senador pelo estado – a suplente Regina Sousa, também do PT, assumiu o cargo de 2015 a 2018.
Em evento da campanha presidencial em setembro, Dias afirmou que um eventual terceiro mandato de Lula seria um "governo de centro, mas com responsabilidade social".
Guilherme Mello
O economista Guilherme Mello foi o economista da campanha de Fernando Haddad ao Planalto, em 2018, e agora ocupa posto semelhante na campanha de Lula.
Mello defende, entre outras medidas, a revogação do teto de gastos e a manutenção da autonomia do Banco Central – contraposta com uma atuação mais intensa do governo para frear a inflação.
Franklin Martins
Franklin Martins tem 74 anos e ficou conhecido em todo o país pela carreira como jornalista em empresas como Globo e Band. Entre 2007 e 2010, comandou a Secretaria de Comunicação Social do segundo governo Lula. Na juventude, foi líder estudantil durante a ditadura militar e chegou a ser preso, em outubro de 1968, durante participação em um congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).
No começo deste ano, a comunicação de campanha do PT chegou a afastar o marqueteiro Augusto Fonseca, ligado a Martins. O jornalista, no entanto, continuou aconselhando Lula e assessorando a campanha, embora com funções reduzidas.
Celso Amorim
Amorim foi ministro das Relações Exteriores do Brasil por quase 10 anos, incluindo a segunda metade do governo Itamar Franco e a íntegra dos dois mandatos de Lula. No governo Dilma, entre agosto de 2011 e o fim de 2014, foi ministro da Defesa.
Ao longo da campanha, Celso Amorim foi apontado como o principal conselheiro de Lula para assuntos internacionais
Paulo Okamotto
Paulo Okamotto e Lula se conheceram ainda no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Okamotto foi tesoureiro da primeira campanha presidencial de Lula.
Entre 2003 e 2010, pelos oito anos de governo Lula, Paulo Okamotto foi presidente do Sebrae. Em seguida, em 2011, ajudou a fundar o Instituto Lula, do qual ainda é presidente de honra. Okamotto é considerado um dos amigos mais próximos de Lula. Além de conselheiro de Lula, atuou como coordenador de logística da campanha.