Quem foi Rubens Paiva, ex-deputado retratado no filme ‘Ainda Estou Aqui’

A produção, protagonizada por Selton Mello e Fernanda Torres, foi escolhida por unanimidade para representar o Brasil no Oscar do próximo ano.

Rubens Paiva | Arquivo pessoal
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“Ainda Estou Aqui”, filme dirigido por Walter Salles que estreou nos cinemas na última quinta-feira (7), é uma adaptação do livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva sobre o próprio pai, Rubens Paiva, deputado federal que foi preso e morto durante a ditadura militar em 1971, no Rio de Janeiro.

Na trama, a mãe do autor, Eunice Paiva, precisa mudar a rotina completamente depois que o marido é exilado. A dona de casa se vê obrigada a virar ativista de direitos humanos após o desaparecimento de Rubens Paiva. A produção, protagonizada por Selton Mello e Fernanda Torres, foi escolhida por unanimidade para representar o Brasil no Oscar do próximo ano.

Rubens Beyrodt Paiva nasceu em 1929, na cidade de Santos, litoral de São Paulo. Formado em engenharia civil pela Universidade Presbiterana Mackenzie em 1953, foi vice-presidente da União Estadual dos Estudantes em São Paulo e eleito deputado federal em 1962 pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

QUEM ERA RUBENS PAIVA?

Casado com Eunice Facciolla Paiva, era pai de cinco filhos: Vera, Maria Eliana, Ana Lúcia, Marcelo e Maria Beatriz.

Durante o período na Câmara dos Deputados, ele se destacou como vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), que investigavam o financiamento de grupos que conspiravam, à época, contra o governo de João Goulart, então presidente da República.

Por isso, o ex-deputado foi incluído na lista dos primeiros políticos cassados no golpe militar, por meio do primeiro Ato Institucional, de 9 de abril de 1964.

Alguns dias antes, em 1° de abril daquele mesmo ano, Paiva fez um apelo ao vivo, na Rádio Nacional, em defesa da legalidade da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e do presidente Goulart.

No discurso, em pouco mais de quatro minutos, ele criticou a postura do governador de São Paulo no período, Adhemar de Barros (que apoiou o golpe militar), a quem chamou de fascista e golpista. Paiva defendeu as reformas de base propostas por João Goulart e rebateu as críticas usadas como justificativa para o golpe.

Com o mandato cassado, ele, inicialmente, se exilou na Embaixada da Iugoslávia, em junho de 1964, e deixou o Brasil, partindo para a França e, depois, para a Inglaterra. Retornou ao Brasil no início de 1965, ficando com família inicialmente em São Paulo, e, em seguida, no Rio de Janeiro.

No entanto, Rubens Paiva foi preso na madrugada de 20 de janeiro de 1971, depois que cartas de militantes políticos exilados no Chile foram encontradas. Tendo em vista que ele era um dos destinatários das correspondências, militares – armados com metralhadoras – invadiram a casa do deputado cassado. Rubens Paiva foi levado, no próprio carro, para prestar depoimento e, desde aquele dia, começou a ser torturado.

No dia seguinte, Eunice Paiva e a filha Eliane, então com 15 anos, também foram presas. Apesar da confirmação dos agentes de que Rubens Paiva estava detido no Departamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), elas nunca mais o viram. Após diversas sessões de interrogatório, Eliane acabou liberada no dia seguinte, enquanto a mãe ficou presa por doze dias.

O corpo de Rubens Paiva nunca foi encontrado. Na versão oficial do Exército sobre a morte, ele teria sido sequestrado por militantes enquanto era transferido pelos oficiais e dado como desaparecido.

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