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Quem foi o deputado e candidato a prefeito de Teresina encontrado morto com um tiro na cabeça

No Memória desta segunda-feira, 07 de julho, recapitulamos o caso do ex-promotor Afonso Gil Castelo Branco.

Afonso Gil Castelo Branco foi encontrado morto com um tiro na cabeça em Teresina. | Foto: Reprodução
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Nascido em Belém do Pará, Afonso Gil construiu sua carreira e reputação no Piauí, onde atuou por mais de duas décadas como promotor de Justiça. Conhecido por sua firme atuação no combate ao crime organizado e na denúncia de grupos de extermínio, ele se tornou uma figura temida por criminosos — e alvo constante de ameaças. A rotina de tensão o fazia viver em estado de alerta, sempre com a sensação de estar sob vigilância.


DA PROMOTORIA À POLÍTICA

Em 2002, Afonso Gil decidiu disputar uma vaga na Câmara Federal e foi eleito deputado pelo PCdoB, com uma votação expressiva de 76 mil votos. Pouco tempo depois, migrou para o PDT, onde estreitou relações com o então presidente nacional da sigla, Leonel Brizola. Com projeção crescente, seu nome começou a despontar como um forte concorrente à Prefeitura de Teresina, com índices de intenção de voto variando entre 11% e 16%.


UMA PERDA ABRUPTA E SUAS REPERCUSSÕES

A morte repentina de Afonso Gil, às vésperas do período eleitoral, deixou o PDT em choque e forçou uma rápida reorganização para substituir seu nome na disputa pela prefeitura. A comoção tomou conta dos aliados e amigos mais próximos, muitos dos quais suspeitaram inicialmente de assassinato, dada a trajetória combativa do deputado e os inúmeros inimigos que acumulou ao longo da carreira.


SUCESSÃO NA CÂMARA E O RETORNO AO PIAUÍ

Com o falecimento do deputado, quem assumiu sua cadeira na Câmara foi o suplente Simplício Mário (PT-PI), figura conhecida no estado por seu histórico como coordenador do programa Fome Zero e presidente do Sindicato dos Bancários. Simplício já havia ocupado o cargo temporariamente no ano anterior, e, após breve passagem em Brasília, retornou ao Piauí, abrindo mão de uma pré-candidatura à prefeitura de Piripiri.


INVESTIGAÇÃO E A CONCLUSÃO SURPREENDENTE

Em novembro de 2004, cerca de três meses após o falecimento de Afonso Gil, a Polícia Federal encerrou o inquérito sobre o caso. Durante uma coletiva de imprensa, o delegado Nelson Estevam revelou que a conclusão das investigações apontava para suicídio, sustentada por 11 laudos periciais produzidos por equipes da própria PF.


UM LEGADO INTERROMPIDO

A morte de Afonso Gil representou um duro golpe para a política piauiense. Seu nome passou à história como o de um homem público combativo, que enfrentou interesses poderosos e colocou a vida em risco em defesa da justiça. Mesmo com o encerramento do caso pela PF, para muitos, o impacto emocional e político da sua ausência permanece como uma ferida aberta na memória recente do estado.

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