Durante a terceira sessão de julgamento da ação que pode resultar na inelegibilidade de Jair Bolsonaro, o ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), considerou improcedente e votou contra a cassação dos direitos políticos do ex-presidente. Antes da sessão, conforme antecipado pela Malu Gaspar, a defesa de Bolsonaro esperava que Raul Araújo solicitasse a análise detalhada do processo, mas isso não aconteceu.
O ministro Raul Araújo, com posições ideológicas mais alinhadas ao bolsonarismo, foi responsável por proibir manifestações políticas durante o festival Lollapalooza no ano passado. Naquela ocasião, artistas como Pabllo Vittar faziam referências positivas ao adversário de Bolsonaro, o atual presidente Lula (PT).
O magistrado alegou que as manifestações durante o festival caracterizavam propaganda eleitoral. Em seu despacho, ele determinou uma multa de R$ 50.000,00 para cada ato de descumprimento. Essa medida foi solicitada pelo PL e teve repercussão nacional. No entanto, alguns dias depois, o PL desistiu da ação e Raul Araújo revogou sua decisão.
O ex-presidente é acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação devido aos seus questionamentos, sem apresentar provas, em relação ao processo eleitoral. Em julho do ano passado, Bolsonaro realizou uma reunião no Palácio do Planalto com a presença de 72 embaixadores, na qual questionou o sistema eleitoral brasileiro. O encontro foi transmitido pela TV Brasil.
O julgamento foi iniciado na quinta-feira passada, mas a sessão foi encerrada antes que os sete ministros do TSE votassem. A deliberação continua hoje e na próxima quinta-feira, 29 de junho.
Empossado como membro oficial do TSE no ano passado, o ministro Raul Araújo entrou para Corte na vaga de Mauro Campbell em 2020. Natural de Fortaleza, antes da Corte exerceu as funções de procurador-geral do Ceará, desembargador do Tribunal de Justiça e corregedor-geral da Justiça Federal.
Apesar da esperança de Bolsonaro, chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por indicação de Lula, ainda em 2010. Formado em direito e economia, Araújo é mestre em Direito Público e professor licenciado da Universidade de Fortaleza, instituição na qual já coordenou o curso de especialização em direito tributário.