O advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) após a aposentadoria de Luís Roberto Barroso, tem uma forte ligação com o Piauí. Messias viveu a infância e a adolescência em Teresina, onde estudou no Instituto Dom Barreto e no INEC. A trajetória do pernambucano, que se destaca pela sólida formação jurídica e pela confiança que inspira em Lula, agora o coloca no centro das atenções políticas e jurídicas do país.
Carreira e formação acadêmica
Nascido em 25 de fevereiro de 1980, em Recife (PE), Messias construiu uma carreira marcada por preparo técnico e experiência na administração pública. Graduado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ele também é mestre e doutor em Direito pela Universidade de Brasília (UnB). Desde 2007, atua na Advocacia-Geral da União (AGU) como procurador da Fazenda Nacional, tendo ocupado diferentes cargos de destaque ao longo dos últimos anos.
Experiência no governo e aproximação com Lula
Antes de comandar a AGU, o jurista exerceu funções estratégicas no governo federal, como subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência da República, secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC, e consultor jurídico nos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação.
A escolha de Lula para nomeá-lo advogado-geral, ainda em 2022, foi interpretada por analistas políticos como um gesto de aproximação com o segmento evangélico, uma vez que Messias é membro da Igreja Batista.
Diálogo com a bancada evangélica
Com perfil discreto e conciliador, Messias tem mantido conversas frequentes com a ala evangélica do Congresso Nacional, o que lhe garantiu apoios importantes entre parlamentares que frequentemente resistem a nomes ligados diretamente ao Palácio do Planalto. Essa ponte com o grupo religioso é vista como um trunfo político que pode facilitar sua sabatina no Senado, caso a indicação seja confirmada oficialmente.
Perfil pessoal e relação com o presidente
Aos 45 anos, Messias é casado com Karina e pai de dois filhos, Vitória e João Pedro. Mesmo com a intensa rotina em Brasília, mantém suas origens nordestinas e a paixão pelo Sport Club do Recife.
Sua proximidade com Lula é apontada como um dos pilares de sua ascensão no governo. “Messias é considerado pessoa de confiança do presidente Lula”, dizem aliados próximos ao Planalto. Essa relação, no entanto, também desperta atenção no meio político, onde parte dos senadores vê com cautela o reforço de nomes ligados diretamente ao núcleo do governo dentro do STF.
De cotado a indicado
Messias já havia sido mencionado entre os cotados para substituir a ministra Rosa Weber, em 2023, mas Lula acabou optando por Flávio Dino, então ministro da Justiça. Agora, com a aposentadoria antecipada de Barroso, o presidente escolhe novamente um aliado de longa data, consolidando sua terceira indicação à Corte.
A indicação de Jorge Messias representa não apenas a continuidade de uma linha de confiança pessoal de Lula, mas também um movimento político estratégico — unindo técnica, fé e diálogo com setores diversos do Congresso.