Apesar do presidente regional do PT, o deputado estadual Fábio Novo, garantir que a corrente radical encabeçada pelo deputado federal Nazareno Fonteles (PT) não tem força para produzir mudanças no direcionamento político da sigla, o mal-estar causado pelas declarações do petista geraram reações imediatas na cúpula do partido. Um dos efeitos da recusa pública de Nazareno em apoiar o senador João Vicente Claudino (PTB) se ele for o candidato a governador escolhido pela base, foi a decisão do PT em adiantar a reunião do diretório regional. A outra, cujo conteúdo ainda é oficialmente sigiloso, aponta para a permanência do governador Wellington Dias no cargo após uma reunião a portas fechadas com as principais lideranças da sigla.
Questionado sobre o conteúdo das três horas de conversa realizada na tarde de ontem na casa de Dias, o secretário estadual de Educação e pré-candidato do PT ao Governo, Antônio José Medeiros, esquivou-se, ressaltando que o conteúdo é ?interno entre companheiros de partido?. Além de Medeiros e Fábio Novo, o secretário de Saúde, Assis Carvalho, a secretária de Administração, Regina Sousa e o ex-secretário de Fazenda, Antônio Neto, marcaram presença no encontro com o chefe do Executivo estadual.
Antônio José, no entanto, admitiu que a reunião solicitada por Nazareno entre os membros do diretório está marcada para acontecer neste domingo, 14. A data inicial anunciada por Novo para avaliar as decisões do PT na sucessão eleitoral - dia 21 - foi atropelada pela urgência em unificar, pelo menos publicamente, o discurso petista ?O governador precisa estar embasado na posição do partido antes da reunião que definirá o candidato no dia 19. A tradição do PT é ter decisão coletiva?, pontua Medeiros, lembrando que a instância máxima do partido, o diretório, composto por 11 membros, se reúne em ocasiões ?especiais?.
Fábio Novo pondera que o partido é democrático, mas a voz de Fonteles é minoria e não deverá causar mudanças no percurso da legenda. ?Na carta que entregamos ao governador na semana passada, o Nazareno já havia manifestado que discordava do termos que colocamos, onde dizíamos que o PT não seria empecilho para a união da base. Ele foi vencido pelo voto?, lembrou Novo. O ?entendimento? entre Dias e o vice-governador Wilson Martins (PSB), também confirmado pelo deputado, que preferiu não dar detalhes do acordo que poderia facilitar a saída do governador para disputar uma vaga no Senado.
O governador também negou ontem, durante visita à sede da Ordem dos Advogados do Brasil no Piauí, que haja um ?desgaste? na condução do processo sucessório na base aliada, e destacou ainda que o diretório nacional do PSB não deverá ter peso para intervir na decisão de Wilson Martins. ?Estou otimista?, disse, referindo a um entendimento com o vice. Mesmo sem desgaste, a coordenação do atual cenário político piauiense foi classificada por Wellington como responsável por algumas ?dificuldades? na acomodação dos interesses dos 12 partidos e quatro pré-candidatos. (S.B.)