Dirigentes do PT em São Paulo esperam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre em campo para conversar com partidos aliados, como PSB, PR e PDT, e os convença a apoiar o candidato petista à Prefeitura, Fernando Haddad. Na avaliação dos petistas, a crise entre base aliada e o governo Dilma Rousseff prejudicou diretamente a campanha eleitoral na maior cidade do país.
Segundo caciques do partido, Dilma não atua politicamente para conter as insatisfações de aliados e o ex-presidente seria fundamental para persuadir setores do Planalto de que acolher legendas como PR e PDT no governo federal, com cargos na Esplanada do Ministério, por exemplo, teria reflexos positivos diretos nas eleições municipais, e não apenas em São Paulo.
Além disso, os petistas do QG da campanha de Haddad esperam que Lula converse diretamente com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para que ele garanta que seu partido, o PSB, esteja com o PT desde o primeiro turno na capital paulista.
"Esperamos que Lula converse com Eduardo Campos e que melhore a relação com PR e PDT, porque ao segundo turno o PT deve chegar, mas o que não pode é chegar com poucos aliados, senão fica muito difícil", disse um dirigente petista. O PT-SP atua para convencer os pré-candidatos Paulinho da Força (PDT) e Celso Russomano (PRB) a apoiarem Haddad, senão no primeiro, no segundo turno, e evitar que eles acabem ao lado de José Serra.
Na última semana, houve um movimento dos diretórios municipal e estadual do PSB em direção à candidatura de Serra, o que desagradou a dirigentes do PT que garantiam existir um "compromisso pessoal" de Campos com Lula em favor de Haddad e do PT na capital paulista. Após interferência do governador, que veio a São Paulo se reunir com dirigentes de seu partido, o anúncio de aliança com qualquer um dos candidatos - Haddad ou Serra - ficou suspenso até segunda ordem.
Lula, o retorno
A previsão era a de que Lula voltasse aos trabalhos no Instituto Lula em meados de março, após recuperação de um tratamento contra um câncer na laringe, mas uma pneumonia atrapalhou os planos. O ex-presidente foi internado no fim de semana passado e recebeu alta no domingo (11), após oito dias de tratamento no Hospital Sírio-Libanês.
Segundo a assessoria de imprensa do Instituto Lula, ele deve descansar por mais alguns dias, esperando a recuperação completa, antes de qualquer tipo de atividade política.
Para a campanha de Haddad, Lula será importante tanto nos programas de rádio e TV e comícios, que só podem ter início em julho, segundo a lei eleitoral, como também nas caminhadas, visitas a centros de bairros da periferia de São Paulo, entre outros compromissos, que devem começar em maio. Até lá, os petistas esperam que Lula esteja completamente recuperado.