A liderança do PSDB na Câmara levantou ontem a suspeita de que pagamentos feitos pela Receita Federal no ano passado à incorporadora WTorre, no valor de R$ 9,2 milhões, estejam relacionados ao trabalho prestado à empresa pelo ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
O jornal Folha de São Paulo revelou, na última sexta-feira, que a WTorre foi uma das clientes da empresa do ministro, a Projeto Consultoria Financeira, que teve um faturamento de R$ 20 milhões somente em 2010. O serviço foi prestado à WTorre entre 2006 e 2010.
Deputados tucanos convocaram entrevista para levantar indícios de que Palocci fez tráfico de influência e cobrar a abertura de investigação. Fernando Francischini (PSDB-PR) apresentou à imprensa registros públicos do Siafi (o sistema de acompanhamento de gastos da União) e da Receita.
No dia 24 de agosto, a WTorre protocolou na Receita pedido de restituição de imposto de renda relativo a 2008. Na mesma data, a incorporadora fez uma doação de R$ 1 milhão para a campanha de Dilma Rousseff (PT).
A incorporadora fez uma segunda doação a Dilma, no mesmo valor. Outros R$ 300 mil foram doados à campanha de José Serra (PSDB), adversário da petista.
A restituição da Receita à WTorre, no valor de R$ 6,25 milhões, ocorreu 44 dias depois de protocolado o pedido. Para os deputados tucanos, o prazo foi recorde. No mesmo dia, a Receita pagou outros R$ 2,9 milhões relativos à restituição de 2007, protocolada pela WTorre no ano de 2009. "Há indício grande e forte de tráfico de influência. Queremos ver as explicações do ministro, da Receita e da empresa", disse Fracischini.
A Receita informou, por meio de nota que "não é inusitado" que os pedidos como os feitos pela WTorre sejam analisados "eletronicamente com celeridade". E que não houve nada de anormal nas datas de restituição.
A WTorre informou que a rapidez na restituição de 2008 ocorreu porque ela impetrou um mandado de segurança que obrigou a Receita a fazer o pagamento. A Receita confirma a informação.