Protestos foram surpresa para esquerda e direita, diz ex-presidente Lula

“Estamos ficando velhos”, disse, durante encontro de partidos de esquerda. No Foro de São Paulo, ex-presidente defendeu maior integração na AL.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no 19º Foro de São Paulo | Reprodução/Internet
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (2) que as manifestações iniciadas em junho em todo o país pegaram de supresa partidos de esquerda, de direita e também o movimento sindical. A declaração foi feita em discurso durante o 19 º Foro de São Paulo, que reúne líderes de partidos de esquerda da América Latina.

"Esses movimentos que aconteceram aqui no Brasil pegaram de surpresa todos os partidos de esquerda, pegaram de surpresa todos os partidos de direita, todo o movimento sindical", afirmou. "O movimento sindical, com todos os recursos que tem, nem sequer tem uma comunicação pela internet. Nós, na verdade, estamos ficando velhos", disse Lula.

Lula também havia comentado a onda de manifestações em julho, quando discursou para estudantes na Universidade Federal do ABC. Na ocasião, incentivou os protestos e pediu aos jovens que "não neguem" a política.

"Quando vocês estiverem putos da vida, mas putos, que vocês não confiem em ninguém, não gosto do Lula, não gosto da Dilma, não gosto do [Luiz] Marinho, não gosto não sei de quem, ainda assim, não neguem a política. E muito menos neguem os partidos. Vocês podem fazer outros", disse.

Integração

No discurso, o ex-presidente voltou a afirmar que os países da América Latina devem reforçar a integração regional. Ele voltou a citar a Aliança do Pacífico, apontada como manobra para esvaziar a Unasul.

"Estamos vendo que os Estados Unidos não brincam em serviço. Evoluimos muito no ponto de vista da integração mas precisamos avançar 50 ou 100 vezes mais. Politica de integração a gente não faz por telefone", afirmou.

Lula defendeu que seja criado para os partidos e governos de esquerda uma doutrina em resposta ao chamado "Consenso de Washington", conjunto de práticas recomendadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no fim dos anos 80 para ajustar as economias dos países da América Latina e hoje consideradas marco do neoliberalismo. "Estou querendo criar uma doutrina sobre integração. Está na hora de construirmos um consenso das esquerdas na América Latina", afirmou.

Lula também pregou que os partidos de esquerda criem seus próprios mecanismos de comunicação, por meio da internet.

No início de seu discurso, o ex-presidente fez uma provocação ao governo dos Estados Unidos. "Tenho de falar poquito porque o Departamento de Estado americano está gravando."

Dilma

Em video exibido na abertura do 19º Foro de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff defendeu o fortalecimento da democracia e o equilíbrio fiscal e afirmou que seu governo entendeu o recado das ruas após os protestos de junho.

"Brasileiros e brasileiras, especialmente os jovens, foram às ruas demandando melhorias de políticas públicas. Meu governo e meu partido entenderam rapidamente o recado das ruas. As manifestações são parte indissociável de nosso processo de ascenção social. Não pediram a volta ao passado. Pediram, sim, o avanço para um futuro de mais direitos", afirmou.

Dilma afirmou que "o fortalecimento da democracia tem importância central" e defendeu maior integração. "Nossos governos têm sido forte na defesa da soberania nacional, mas não se refugiaram em um nacionalismo estreito."

A presidente também pregou equilíbrio fiscal. "Defendemos uma nova política econômica, capaz de estimular o crescimento mantendo a inflação sob controle e equilíbrio fiscal", disse Dilma.

Criado em 1990, o Foro de São Paulo reúne 23 partidos de esquerda de países da América Latina e Caribe. Participam do Foro, no Brasil, sete partidos: PT, PCdoB, PCB, PPL, PPS, PSB e PDT.

Neste encontro, os integrantes debatem a atual conjuntura internacional e deverão aprovar um plano de ação para o próximo período.

Estão em debate nesta edição do Foro os conflitos e revoluções no Oriente Médio, o intercâmbio entre América Latina e África, a crise econômica na Europa e nos Estados Unidos e a relação entre a América Latina e os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

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