Depois de um ano marcado por protestos em todo o País, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou nesta segunda-feira que os protestos devem continuar pelos próximos anos. "Vamos ter que nos acostumar com isso. Não com quem quebra coisas, com black blocs. Mas com quem se organiza e protesta de forma pacifica e pressiona seus governantes. Vamos ter protestos ano que vem e em 2015", disse.
Paes afirmou que os protestos não podem ser vistos pelos governantes como um problema, mas com uma forma de consolidação da democracia, e disse acreditar que eles podem ter influência nas eleições de 2014. "Tudo o que mexe na política tem influência nela mesma e na eleição", afirmou. O prefeito afirmou que tudo isso é normal. "O que não é normal é quebrar coisas pela cidade e achar que, em plena democracia, se está em um Estado pré-revolucionário", criticou.
Apesar de desejar saúde e paz aos cariocas em 2014, o prefeito disse que o Rio é uma cidade em transformação, e que, no próximo ano, continuará passando por mudanças. Paes falou principalmente sobre obras de mobilidade urbana. Para o dia 25 de janeiro, está previsto o fechamento total do viaduto da Perimetral e o início das obrasse a Trans Olímpica, que devem tumultuar a avenida Brasil, principal porta de entrada da cidade por via terrestre. "Quando se tem saúde e paz pode-se seguir em frente", disse o prefeito.
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. ?Essas vozes precisam ser ouvidas?, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.