Protesto por royalties reúne políticos do Rio e do Espírito Santo

Debaixo de chuva, milhares de pessoas estão reunidas na Cinelândia, no Centro do Rio, no ato público contra a emenda

Protesto contra a emenda Ibsen | divulgação
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Debaixo de chuva, milhares de pessoas estão reunidas na Cinelândia, no Centro do Rio, no ato público contra a emenda apresentada pelo deputado Ibsen Pinheiro, que altera as regras de distribuição dos royalties do petróleo.

O protesto reúne políticos do Rio e do Espírito Santo. O governador Sérgio Cabral caminhou ao lado do prefeito Eduardo Paes até o Teatro Municipal. Ele divide o palco com o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o senador Magno Malta (PR-ES) e a prefeita de Campos, Rosinha Matheus.

A caminhada saiu da Candelária, por volta das 16h40 desta quarta-feira (17). Os organizadores anunciaram que o público na manifestação chegou a 200 mil pessoas. Já o comandante do 13º BPM (Praça Tiradentes), tenente-coronel José Guilherme Xavier, informou que compareceram cerca de 80 mil pessoas ao evento.

Muitos artistas, como a bailarina Ana Botafogo e a atriz Carla Carmurati, presidente do Theatro Municipal, a apresentadora Xuxa, a atriz Letícia Spiller, Lucinha Araújo, mãe do cantor Cazuza, e o coreógrafo Carlinhos de Jesus também participaram da caminhada.

Com faixas, cartazes e camisetas, os grupos enfatizavam os protestos, chamando a emenda de injustiça contra o Rio. Muitos manifestantes não se furtaram a fazer perfomances bem humoradas para chamar a atenção do evento.

Foi o caso do vendedor de livros, Alberto Tradesedo, 70 anos, e o taxista Emanuel Alves, 52, vestidos como se fossem ?papa? para conceder uma benção ao Rio e fazer com que a emenda não seja aprovada pelo Senado e receba o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Emanuel, para reforçar seu pedido, ainda segurava um galho de arruda. ?É para afastar o mau olhado e os políticos invejosos que criam emendas desfavoráveis para o Rio?, disse.

A secretária municipal de Cultura, Jandira Feghali, disse acreditar que o protesto pode ajudar a convencer os senadores a vetar as mudanças na partilha dos royalties. Já o deputado Roberto Dinamite considerou a emenda Ibsen ?um absurdo, insensata e impensada?.

?O estado do Rio não pode ser o maior prejudicado. Queremos dividir, sim, mas não podemos ser o mais prejudicado?, disse.

Já o deputado Alessandro Molon, também presente na manifestação, afirmou que o ato deveria ter sido feito antes da apresentação da emenda. Agora, ele espera que a mobilização sirva para convencer os senadores.

?É importantíssimo esse ato de união entre governos, prefeitura, trabalhadores, donas de casa e estudantes?, disse Molon, que preferiu não entrar no cercado organizado para autoridades.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou que, apesar de não ser do Rio, ele ama o estado: ?A emenda é uma injustiça?.

Já a presidente do Flamengo, Patricia Amorim, afirmou que o clube é a favor do pré-sal e do petróleo: ?O Flamengo é um patrimônio do estado, assim como o petróleo?.

Rosinha critica governadores

Na saída dos políticos do palco, no início da noite, a prefeita de campos, Rosinha Matheus, fez duras críticas aos governadores do Rio, Sérgio Cabral e do Espírito Santo, Paulo Hartung. Ela reclamou de os dois nao terem discursado para o público presente na Cinelândia. Segundo ela, todos os politicos teriam cedido no discurso para que apenas os dois governadores falassem, mas eles desistiram.

"Viemos na caminhada juntos, aqui dentro ele falou que o prefeito falaria. O ato é político, é recurso público, estamos lutando para nao perder o que tem. O povo veio para ouvir o discurso em defesa. Todo mundo abriu mão da palavra para os dois governadores falarem", criticou.

Cabral se justifica

Cabral explicou, depois, por que não discursou. "A idéia (de nao falar) foi do governador Paulo Hartung. Aqui tem "n" centrais sindicais, tem "n" prefeitos de diversos partidos políticos. O recado tá dado. O Eduardo Paes foi ao microfone e agradeceu em nome de todos e as celebridades e os artistas começaram a interagir com a população. A hora é de um discurso único em defesa do Rio. Além de ter muita chuva e aí a "discurseira" ia ser muito longa e aí os artistas que vieram também tinham o desejo de se manifestar", justificou.

Caravanas chegaram no início da tarde

As caravanas começaram a chegar no Centro do Rio no início da tarde desta quarta-feira (17). Manifestantes de vários municípios chegaram para a manifestação, no Centro do Rio, contra as regras de distribuição de petróleo.

Só de Campos do Goytacazes, no Norte Fluminense do estado, vieram três ônibus, que saíram do município ainda de madrugada.

Nem mesmo a forte chuva desanimou os integrantes do grupo, que usavam camisetas, bandeiras e cartazes com os dizeres ?Justiça para quem produz?.

?Vamos gritar muito porque nossa cidade é totalmente dependente dos royalties do petróleo. Não podemos nos transformar numa Serra Pelada?, disse Levir Nascimento, um dos organizadores da caravana que saiu de Campos.

200 ônibus

Pelo menos 12 mil manifestantes de municípios vizinhos ao Rio chegaram ao Centro em mais de 200 ônibus.

A passeata seguirá pela Avenida Rio Branco até a Cinelândia, onde haverá um ato público. Um palco montado receberá artistas como Sandra de Sá, Alcione e escolas de samba. A banda do Cordão da Bola preta vai tocar durante o protesto.

Trânsito complicado

A pista lateral da Avenida Presidente Vargas, sentido Centro, foi fechada ao trânsito às 14h, complicando o trânsito nas imediações.

Segundo a Guarda Municipal, o esquema de trânsito começou a ser implantado às 14h. Às 15h, a Avenida Rio Branco foi interditada ao tráfego de veículos no trecho entre a Rua Visconde de Inhaúma e a Avenida Presidente Wilson, assim como o entorno da Candelária e o acesso da Avenida Perimetral para a Avenida Presidente Vargas.

Segundo a CET-Rio, 280 agentes da Guarda Municipal e ainda 50 agentes de tráfego atuam no local.

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