O ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, autorizou a prorrogação por mais 60 dias de inquérito que investiga o presidente Michel Temer por conta das delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht.Nesse inquérito, também são investigados os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia).
Procurado, o Palácio do Planalto informou que não irá comentar a prorrogação do inquérito. Na véspera, o ministro Luís Roberto Barroso autorizou pela terceira vez a prorrogação de outro inquérito sobre Temer, o que apura se houve propina na edição do decreto dos portos. O presidente nega qualquer irregularidade.
Na prorrogação, Fachin destacou que tanto a Polícia Federal quanto a Procuradoria Geral da República apontaram a necessidade de coleta de mais provas e depoimentos.
O caso se refere a um jantar no Palácio do Jaburu em maio de 2014, em que se teria acertado o repasse ilícito de R$ 10 milhões ao MDB. De acordo os delatores da Odebrecht, teriam participado da reunião Eliseu Padilha, o então presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht, o ex-executivo Cláudio Melo Filho, e o então vice-presidente Michel Temer.
De acordo com o depoimento de Cláudio Melo Filho ao Ministério Público Federal (MPF), no encontro, Temer pediu "direta e pessoalmente" a Marcelo Odebrecht apoio financeiro para as campanhas do MDB em 2014.
O repasse do dinheiro, segundo depoimentos dos delatores da Odebrecht, seria uma forma de pagar pelos interesses da empresa atendidos pela Secretaria de Aviação Civil, comandada entre 2013 e 2015 por Eliseu Padilha e Moreira Franco.
Sobre esse assunto, o presidente já admitiu que houve o jantar, mas sempre disse que não falaram de valores. Quando este depoimento se tornou conhecido, o Palácio do Planalto divulgou nota informando que o presidente Michel Temer "repudia com veemência" o conteúdo da delação de Melo Filho.