O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja fazer um discurso de pacificação nacional, nesta quinta-feira, 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil, com o objetivo de desvincular símbolos nacionais do bolsonarismo e fortalecer os laços com as Forças Armadas, sob o lema "Democracia, soberania e união". Durante o desfile, que ocorrerá na Esplanada dos Ministérios a partir das 9h, o governo utilizará as cores da bandeira nacional, com destaque para o verde e amarelo, em sua campanha publicitária para a data comemorativa.
O discurso pró-democracia, proferido em um evento essencialmente militar, tem como objetivo atenuar o apoio da categoria ao bolsonarismo, de acordo com a avaliação do governo.Durante seu governo, parte dos militares se alinhou ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas agora Lula busca melhorar o relacionamento com as Forças Armadas e reduzir sua associação partidária.
Lula também enfatizará a defesa da Amazônia e da cooperação internacional em questões ambientais, um dos principais temas de seu governo, especialmente em suas conversas com líderes estrangeiros. O petista definiu isso como um dos pilares de seu terceiro mandato. Outros eixos temáticos que serão abordados por Lula serão Ciência e tecnologia e Saúde e vacinação.
Apesar da busca por um discurso de pacificação, Lula menciona frequentemente Bolsonaro em seus discursos, criticando seu adversário político e atribuindo a ele problemas sociais e econômicos herdados de sua gestão.
Discurso em rede nacional
Na noite de quarta-feira (6), um dia antes do feriado, Lula fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, reforçando a mensagem de união e democracia que deseja transmitir no desfile cívico de 7 de setembro.
"Amanhã não será um dia nem de ódio, nem de medo, e sim de união. O dia de lembrarmos que o Brasil é um só. Que sonhamos os mesmos sonhos. Que podemos ter sotaques diferentes, torcer para times diferentes, seguir religiões diferentes, ter preferência por este ou por aquele candidato, mas que somos uma mesma grande nação, um único e extraordinário povo.", disse ele em discurso veiculado em rede nacional.
Gabinete de mobilização
O governo espera uma plateia de 30 mil pessoas no evento, organizado pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), com a presença de 200 autoridades e acompanhantes.
Embora o governo acredite que não haverá manifestações contrárias a Lula, foi criado um gabinete de mobilização institucional para o feriado, com a finalidade de manter a ordem pública e coordenar as atividades administrativas relacionadas aos eventos de 7 de setembro. Este gabinete inclui órgãos do Distrito Federal, ministérios, o Gabinete de Segurança Institucional, o Supremo Tribunal Federal, a Agência Brasileira de Inteligência e o Congresso Nacional.
O movimento do governo ocorre em meio a investigações sobre a participação de militares em atos extremistas ocorridos em 8 de janeiro. Além disso, as investigações sobre a possível venda de joias recebidas como presentes pelo ex-presidente também envolvem militares, incluindo seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.