O presidente da Bolívia, Evo Morales, declarou-se em greve de fome nesta quinta-feira (9) em protesto pela demora do Congresso em aprovar uma lei eleitoral que põe em risco as eleições gerais de 6 de dezembro. Ele deve ser acompanhado por líderes sindicais e sociais.
O prazo estabelecido para aprovar a lei eleitoral transitória venceu à 0h desta quinta.
"Diante da negligência de um grupo de parlamentares neoliberais, estamos obrigados a assumir essa medida", disse Morales em discurso no palácio de governo, em La Paz.
O presidente disse que este é "o melhor momento para obrigar o Congresso Nacional e os senadores de oposição para que aprovem". Segundo ele, este é um "pedido clamoroso" dos camponeses e trabalhadores.
CONGRESSO
A sessão transcorreu sob a ameaça dos legisladores do governista Movimento ao Socialismo (MAS) de renunciar a suas cadeiras caso não se chegasse a um acordo com a oposição, o que poderia representar a inabilitação ou até o fechamento do Congresso.
O prazo existe porque a nova Constituição da Bolívia, promulgada em 7 de fevereiro passado, estabelece um período de dois meses, que se completa nesta quinta, para que o Congresso aprove o regime eleitoral que permita convocar eleições gerais.
Atualmente, o partido de Morales conta com maioria suficiente na Câmara dos Deputados, mas não no Senado, que é controlado pela oposição.
Em entrevista, o presidente do Congresso e vice-presidente do Governo, Álvaro García Linera, pediu às legendas "todo o esforço possível" para aprovar a lei porque, após a meia-noite, o Congresso se encontraria em uma "situação complicada" se não houvesse acordo.
García Linera disse que há setores da oposição, "minoritários", mas com capacidade de bloqueio, que não querem que as eleições aconteçam.
No entanto, passada a hora fixada, o debate continuou tanto no plenário como em uma comissão negociadora que segue tentando o consenso.
O presidente do Congresso, minutos depois da meia-noite, interrompeu brevemente um discurso para dizer que a sessão continuará ininterruptamente "até a aprovação da lei".