Os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) participaram nesta quarta-feira (18) de um debate em São Paulo. O encontro, realizado no anfiteatro Tuca, na zona oeste da capital paulista, foi promovido pelo jornal ?Folha de S.Paulo? e pelo portal UOL.
Nos blocos iniciais, os candidatos fizeram perguntas entre si e depois responderam também perguntas enviadas por internautas. No sexto e último bloco, eles foram questionados por jornalistas e fizeram suas considerações finais.
No primeiro bloco Marina perguntou para Dilma Rousseff qual é a proposta dela para a reforma política. A petista disse que concorda com a ideia de uma assembleia constituinte exclusiva para as reformas política e tributária, mas não descarta a possibilidade de promover ajustes por meio de legislação específica, como ocorreu no caso da fidelidade partidária. A importância do ensino técnico foi tema da pergunta de Serra para Marina, que criticou a gestão do PSDB na educação, lamentando que as sucessivas gestões tucanas não tenham deixado políticas públicas para serem ampliadas para todo Brasil. A última pergunta do bloco foi de Dilma para Serra, questionando intenção do DEM de frear na Justiça o ProUni. Serra negou que exista essa pretensão e lembrou que o PT teve intenção de barrar outras propostas feitas pelo PSDB.
O segundo bloco seguiu com perguntas entre os candidatos. Serra questionou Dilma sobre o que considera ser a ?desmoralização? do Enem, com vazamento de dados de alunos e roubo de provas. Dilma disse que considerava um "absurdo" a interpretação do adversário e defendeu as medidas de investigação do governo federal. O programa Minha Casa Minha Vida foi tema da pergunta de Dilma para Marina. A candidata do PV demonstrou que apoia o programa, mas defende também a preocupação com a melhoria da qualidade de vida nas cidades. Na sequência, Marina perguntou para Serra sobre suas propostas para a população que vive em favelas. Serra citou como exemplo a tentativa de transformar essas comunidades em bairros, como disse ter feito em Heliópolis e Paraisópolis.
O terceiro bloco foi o último no qual os presidenciáveis fizeram perguntas entre si. Respondendo pergunta de Dilma, Marina defendeu que a internet tenha importância entre as políticas de governo para educação e ressaltou que levou o acesso à web para comunidades isoladas quando era ministra do Meio Ambiente. Na sequência, Marina questionou Serra sobre suas propostas para reforma política. Serra disse ser contra uma constituinte para tratar do tema e defendeu que um primeiro passo seria buscar a aprovação do voto distrital a partir de 2012. No encerramento do bloco, Serra abordou o tema da carga tributária e o investimento público. Dilma questionou a avaliação do tucano de que o Brasil tenha os piores índices mundiais de investimento público e criticou medidas adotadas por Serra durante a crise financeira mundial quando estava à frente do governo do estado de São Paulo.
No quarto bloco, os candidatos responderam perguntas formuladas por internautas. Dilma Rousseff foi questionada se era uma candidata improvisada e respondeu com um breve resumo de sua biografia. Ela reconheceu que não tem experiência parlamentar, mas reafirmou sua experiência administrativa. Sobre o aborto, disse ser contra. Questionado se era o candidato das elites, Serra lembrou sua origem ?modesta? e citou iniciativas que, segundo ele, ajudaram a melhorar a vida da população, como o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e os medicamentos genéricos. A respeito da troca de cargos por votos, Serra disse que tal prática não ocorrerá em seu governo e criticou o governo Lula por ?lotear? a Funasa e os Correios. Marina Silva foi perguntada sobre a capacidade de promover reformas e voltou a propor uma constituinte exclusiva para esse fim. Segundo ela, as reformas não foram feitas nos governos anteriores porque as alianças políticas eram ?viciadas?. Sobre doações para a campanha eleitoral, Marina disse que devem ser feitas de acordo com a legislação eleitoral e de forma transparente.
O quinto bloco também foi de perguntas dos internautas. Serra foi questionado sobre o valor dos pedágios em São Paulo e defendeu que as estradas do estado estão entre as melhores do país. Dilma foi perguntada sobre o fato de constantemente atribuir as conquistas do país ao governo Lula. A petista reconheceu que a estabilidade do Real foi resultado de ação do governo FHC, mas ressaltou que o contexto econômico exigiu mudanças para garantir o crescimento econômico. Em questão sobre acesso a dados governamentais, Marina defendeu transparência para garantir o combate à corrupção. Sobre o tema impostos, Serra voltou a criticar o governo Lula e disse que sua primeira medida será desonerar o setor do saneamento. Dilma respondeu sobre cargos políticos e segurança aérea e disse que a Anac tem todos os instrumentos legais para realizar a fiscalização das empresas, garantindo a segurança de eventos como a Copa e Olimpíadas. No última pergunta de internauta, Marina definiu seu projeto para educação com a manutenção dos avanços dos últimos 16 anos e a valorização do professor.
No sexto bloco, os candidatos responderam a perguntas de jornalistas. Serra foi questionado sobre os apoios recebidos, especialmente o de Roberto Jefferson (PTB-RJ). ?Todos que estão me apoiando sabem que eu não vou fazer troca-troca de cargos (...) Com o Roberto Jefferson, tive relação como parlamentar e como ministro da Saúde?. Marina foi questionada se apoiaria Dilma em um eventual segundo turno caso o presidente Lula pedisse. ?Segundo turno eu discuto no segundo turno?, respondeu. Questionada sobre seu estado de saúde, Dilma disse que o câncer é uma doença curável e que se considera totalmente ?restabelecida?.
Nas considerações finais, Dilma disse que ?existem visões diferentes sobre o Brasil e sobre seu futuro. A nossa proposta é um caminho que indica a continuidade e um avanço?. Serra afirmou que governa ?para o interesse público, não para partidos, não para amigos. Não passo a mão na cabeça?. Marina concluiu tentando romper a polarização entre Dilma e Serra. ?Eu estou aqui para uma convocação mobilizadora. Estou aqui para convocar o Brasil, vamos mudar a lógica do plebiscito?.