De acordo com um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), cerca de 1 bilhão de procedimentos ambulatoriais e 4,4 milhões de procedimentos hospitalares foram represados no Sistema Único de Saúde (SUS) devido à pandemia da Covid-19. Durante esse período, a atenção de todo o mundo se voltou para o cuidado com a doença, levando ao adiamento, cancelamento e reagendamento de procedimentos eletivos tanto na rede do SUS como na rede privada.
Os dados foram coletados a partir de informações do Ministério da Saúde (DataSUS) e dos Sistemas de Informação Ambulatorial (SIA/SUS) e Hospitalar (SIH/SUS). A CNM buscou comparar o ritmo de crescimento entre os anos de 2013 a 2019 para entender o comportamento dessa produção em comparação com o período de 2020 a 2022, quando o Brasil enfrentou os maiores impactos da pandemia.
Ao analisar a média de crescimento anual entre 2013 e 2019, estimou-se a evolução que teria ocorrido entre 2020 e 2022 caso a pandemia não tivesse acontecido. As taxas médias de crescimento anual no país foram de -0,29% para procedimentos ambulatoriais e 1,17% para procedimentos hospitalares. No caso dos procedimentos cirúrgicos, as taxas médias foram de -10,45% e 2,69% para ambulatoriais e hospitalares, respectivamente.
A demanda reprimida foi calculada a partir da taxa de crescimento média de cada Unidade da Federação, representando a diferença entre o valor estimado de procedimentos pela CNM e o valor observado na produção nos anos de 2020, 2021 e 2022.
Os resultados indicam a existência de aproximadamente 1 bilhão de procedimentos ambulatoriais represados desde 2020, juntamente com 4,4 milhões de procedimentos hospitalares. A diferença entre o volume de procedimentos estimados e os procedimentos realizados no período representa a demanda reprimida tanto em âmbito ambulatorial como hospitalar. A produção de procedimentos ambulatoriais represados foi de 612 milhões em 2020, 325 milhões em 2021 e 157 milhões em 2022. No mesmo período, estima-se que a rede do SUS deixou de realizar 1,8 milhão de procedimentos hospitalares em 2020, 1 milhão em 2021 e 1,5 milhão em 2022.
Para solucionar esse problema, segundo a entidade municipalista, seria necessário um investimento aproximado de R$ 17,3 bilhões, considerando o custo médio por procedimento, sendo R$ 10,7 bilhões para custos ambulatoriais e R$ 6,6 bilhões para custos hospitalares. Essa medida permitiria equacionar a demanda reprimida, mantendo a capacidade operacional observada nos anos anteriores.
De acordo com a CNM, a falta de organização, padronização e ampliação das ações e serviços de saúde de média a alta complexidade ambulatorial e hospitalar no SUS durante a pandemia levou as gestões a adotarem medidas radicais para se preparar e acolher pacientes com Covid-19. Diante dessa situação, o plano de recuperação nacional para essas circunstâncias, instituído por meio do Programa Nacional de Redução das Filas de Cirurgias Eletivas, Exames Complementares e Consultas Especializadas, deveria levar em consideração os verdadeiros impactos da pandemia da Covid-19.