Carlos Alberto Queiroz, conhecido como Bebeto Queiroz, prefeito eleito de Choró (PSB), está foragido desde 5 de dezembro do ano passado. Ele tentou destruir uma prova essencial no caso de manipulação eleitoral que envolve recursos de emendas parlamentares do deputado federal Júnior Mano (PSB). Durante uma operação da Polícia Federal (PF), Bebeto arremessou seu celular em um espelho d’água de um prédio na Avenida Beira-Mar, em Fortaleza, na tentativa de inviabilizar o uso do aparelho nas investigações.
COMO O FATO SE DEU?
O incidente aconteceu em 4 de outubro do ano passado, durante a operação Mercato Clauso, que tinha como objetivo cumprir mandados de busca e apreensão contra o político. Por volta das 6h, policiais federais foram até o apartamento de Bebeto, no bairro Meireles, mas ele não estava no local. Informados de que o prefeito eleito fazia exercícios na Avenida Beira-Mar, os agentes seguiram para lá, onde encontraram o político e sua irmã, Cleidiane de Queiroz Pereira, também investigada.
“No momento em que a equipe procedeu com a abordagem, Carlos Alberto, de maneira furtiva, lançou seu aparelho celular em direção ao espelho d'água do edifício ao lado (...) numa tentativa evidente de ocultar provas e dificultar o acesso a informações potencialmente comprometedoras à investigação”, relataram os policiais no documento da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO).
Apesar da tentativa, o telefone foi recuperado sem danos aparentes, e as câmeras de segurança do prédio registraram a cena. Mesmo com o aparelho intacto, Bebeto recusou-se a fornecer a senha de acesso. A PF, entretanto, possui técnicas para desbloquear dispositivos e analisar os dados, que podem servir como evidências no caso.
Após o episódio, Bebeto e Cleidiane foram conduzidos ao apartamento no Meireles, onde os agentes apreenderam documentos, anotações suspeitas e R$ 14,5 mil em espécie.
COMPRA DE VOTOS
As investigações apontam para um esquema de compra de votos na região de Canindé-CE, com o uso de vantagens econômicas e financeiras para influenciar o pleito, práticas que configuram crime eleitoral segundo o artigo 299 do Código Eleitoral. Conversas extraídas do celular recuperado mostraram solicitações de transferências de dinheiro de aliados e eleitores de Bebeto, reforçando as suspeitas de abuso de poder econômico.
ALVO
Além da operação de outubro, Bebeto foi alvo da operação Vis Occulta, em 5 de dezembro, um desdobramento da investigação inicial. Desde então, ele não foi encontrado e é considerado foragido.
Entre as operações, o prefeito eleito também foi investigado pelo Ministério Público do Ceará por irregularidades em contratos da Prefeitura de Choró. Em uma dessas ocasiões, ele chegou a ser preso, mas foi liberado após 10 dias.
NÃO FOI À POSSE
Sem comparecer à cerimônia de posse em 1º de janeiro deste ano, a prefeitura é atualmente comandada interinamente pelo vereador Paulo George Saraiva, o Paulinho (PSB). Em nota divulgada em dezembro, a assessoria de Bebeto afirmou que ele recebeu as acusações com serenidade e declarou sua inocência em relação aos fatos investigados.