O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), anunciou que irá suspender a entrega de marmitas para pessoas em situação de rua e proibirá que instituições e voluntários façam doações de alimentos para a mesma finalidade. A mudança será implementada em dois meses, com o encerramento do contrato com a empresa responsável pelo fornecimento das refeições, firmado durante a gestão anterior, do ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).
ESTRUTURAÇÃO DE NOVO ESPAÇO PARA ATENDIMENTO
Brunini informou que a prefeitura está desenvolvendo um espaço específico para acolher essas pessoas. O local, que contará com um restaurante popular, terá também assistentes sociais e profissionais de saúde para atendimentos e encaminhamento de exames. A ideia é oferecer refeições em um ambiente controlado e não incentivar que permaneçam nas ruas.
“A gente vai estabelecer um local de refeição, o restaurante popular, o restaurante lá do Centro de Apoio que nós vamos desenvolver”, explicou o prefeito.
RETORNO À CIDADE DE ORIGEM E COMBATE ÀS DROGAS
O prefeito ressaltou que o objetivo é auxiliar essas pessoas a retornarem às suas cidades de origem, além de reduzir práticas ilícitas associadas às comunidades de rua na área central e em outras regiões. “Tem pessoas facilitando a situação para que elas permaneçam aqui. Nós encontramos ali até produtos como relógios e outros utensílios. Como você vai saber qual é a forma que essas pessoas estão conseguindo captar os recursos delas para poder consumir as drogas?”, questionou Brunini.
Para reforçar o combate ao tráfico de drogas, o gestor anunciou a instalação de câmeras em locais estratégicos para identificar traficantes que abastecem as chamadas "cracolândias".
OPINIÕES DIVERGENTES SOBRE A DECISÃO
Apesar da iniciativa, a medida enfrenta resistência. O desembargador do Tribunal de Justiça Orlando Perri, que acompanhou Brunini em uma visita ao ponto de ocupação próximo à Rodoviária de Cuiabá e ao Beco do Candeeiro, manifestou discordância.
“Lamentavelmente, eu discordo do prefeito. Não é por esta via, cortando a alimentação desse povo, que nós vamos tirá-lo desse território. Absolutamente (...) Não pense que nós vamos conseguir tirá-los desse modo. A motivação para tirá-los da situação de rua tem que ser outra, e não compulsoriamente”, afirmou o magistrado, defendendo que o foco deveria estar em atacar as causas do problema, como o combate às drogas.