O prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), conhecido nacionalmente como "prefeito tiktoker" por sua forte presença nas redes sociais, enfrenta uma série de desafios jurídicos e fiscais em sua gestão. Nesta quinta-feira (10), a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação que investiga supostos desvios de recursos da saúde na cidade, somando-se a outras duas ações por improbidade administrativa já em curso contra o gestor.
R$ 140 mil bloqueados pela Justiça
As investigações envolvem irregularidades em contratos milionários, incluindo uma licitação de semáforos e a compra de kits de robótica para a educação, no valor de R$ 20 milhões, acusados de superfaturamento. Em 2023, Manga teve R$ 140 mil bloqueados pela Justiça em um único dia — equivalente a quase cinco de seus salários mensais (R$ 29 mil). A Promotoria de São Paulo aponta indícios de direcionamento em licitações, como no caso da Carthago Editorial, empresa sem funcionários que recebeu R$ 101,9 milhões de prefeituras entre 2014 e 2023.
Além das ações penais, a gestão de Manga é alvo de alertas do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) por problemas fiscais. Em 2024, Sorocaba fechou o ano com déficit de R$ 94 milhões, coberto com mais da metade da reserva financeira do município. A dívida consolidada saltou de R$ 528 milhões em janeiro de 2023 para R$ 726 milhões no fim de 2024, impulsionada por gastos em ano eleitoral. O TCE-SP atribuiu notas C e C+ ao município em gestão fiscal e planejamento — as mais baixas da escala.
contrato de R$ 60 milhões rejeitado
Na área da saúde, a PF investiga uma organização social (Incs) contratada para gerir uma UPA, cujo contrato de R$ 60 milhões foi rejeitado pelo TCE por falhas nos critérios de seleção. A operação desta quinta é a segunda relacionada ao caso.
Reeleito em 2024 com 73,75% dos votos, Manga já foi o vereador mais votado da história de Sorocaba. Sua trajetória política, porém, é marcada por controvérsias: em 2016, como presidente da Câmara, conduziu a sessão que cassou o então prefeito José Crespo, seu ex-aliado.
Enquanto a PF avança nas investigações, a Prefeitura de Sorocaba e as empresas envolvidas não se manifestaram sobre as acusações. O caso expõe o contraste entre a popularidade digital do gestor e os questionamentos sobre sua administração.