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Por que Zambelli não teve passaporte apreendido antes de sair do Brasil?

STF ainda não havia determinado o bloqueio do passaporte da deputada, que alegou motivos médicos e políticos para sua saída

Carla Zambelli fugiu do país depois de ser condenada a dez anos de prisão pelo STF | Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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Condenada a mais de 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento em ataque hacker ao CNJ, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou, na última terça-feira (3), que está fora do Brasil. Em meio à repercussão da fuga, muitos se perguntaram: como ela conseguiu sair do país?

A resposta está no processo judicial. Embora já condenada, a sentença ainda não transitou em julgado, ou seja, ainda cabe recurso, o que, na prática, impede que sanções como prisão imediata ou retenção de documentos sejam impostas sem nova decisão. Só nesta quarta-feira (4), após o anúncio da saída, o STF determinou o bloqueio do passaporte da parlamentar.

Histórico do documento

Zambelli já havia tido o passaporte apreendido em agosto de 2023, durante uma operação da Polícia Federal que também recolheu seu celular. Na época, o STF entendeu que ela não apresentava risco à instrução do processo e devolveu o documento. Por isso, legalmente, a deputada estava livre para viajar.

Segundo o jornalista Reynaldo Turollo Jr., do g1, não havia impedimento formal de saída do país.

“O processo ainda tem embargos de declaração para serem analisados, então a condenação não transitou em julgado”, explicou.

Viagem e repercussão

Na justificativa apresentada em entrevista a uma rádio, Zambelli afirmou que está fora do país para realizar um tratamento médico. Ao mesmo tempo, disse que também sofre perseguição política e citou tentativas de cassação de seu mandato.

“Mas eu não vou fazer o discurso de perseguida política. Eu quero fazer o discurso de pessoa que renasceu aqui fora”, afirmou.

O problema, segundo especialistas, é que discursos conflitantes podem pesar contra a deputada na análise de medidas futuras. Após o anúncio da viagem, a Procuradoria-Geral da República pediu a prisão preventiva de Zambelli, a inclusão de seu nome na lista da Interpol e o bloqueio de seus bens e valores.

Embora esteja fora do país, Zambelli prometeu pedir licença do mandato e seguir atuando politicamente à distância, ao menos por enquanto.

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