O presidente Michel Temer (PMDB), por meio de seus advogados, partiu para um ataque sem precedentes contra o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Na peça de 89 páginas, entregue à Câmara, nesta quarta-feira, 4, os advogados classificaram como "torpe" a segunda flechada de Janot contra o peemedebista - a primeira, por corrupção passiva, foi barrada pelos deputados.
O documento de defesa do presidente contra a denúncia feita em setembro por Janot é subscrito pelos advogados Eduardo Pizarro Carnelós e Roberto Soares Garcia e endereçado ao presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG). A Câmara está analisando se autoriza o envio da acusação contra o peemedebista por organização criminosa e obstrução de Justiça ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"A obsessão de Rodrigo Janot, seu mal agir, foi antiético, imoral, indecente e ilegal!", alegam os criminalistas.
Carnelós afirmou que a denúncia apresentada em setembro pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é uma "tentativa de golpe".
"Na defesa, nós apresentamos de forma muito contundente as evidências de que a denúncia apresentada contra o presidente é uma das mais absurdas acusações de que se tem notícia na história do Brasil. Trata-se de uma peça absolutamente armada, baseada em provas forjadas feita com objetivo claro e indisfarçado de depor o presidente da República constituindo, portanto, uma tentativa de golpe no Brasil", afirmou Carnelós.
A defesa de Temer afirma à Câmara que membros do Ministério Público Federal, liderados por Janot, "tramaram" com Joesley, Saud e "outros também confessos criminosos integrantes de seu bando para construir uma acusação a ser formulada contra a autoridade máxima do País". Para os advogados, a acusação tem como "linha mestra" a criminalização da política.
"Em busca do alvo estabelecido, praticaram-se inúmeras ilegalidades, inclusive crimes; feriram-se preceitos morais e éticos; rasgaram-se normas de conduta social, tudo sob o pálio do combate ao crime, o qual estaria inoculado no seio dessa E. Casa de Leis", afirmam os criminalistas.
Segundo a defesa, Janot "almejava ardentemente" a deposição de Temer.
Após a primeira denúncia do ex-procurador contra o presidente, por corrupção, ter seu andamento negado pela Câmara, em agosto, Janot teria, segundo a defesa, agido "à maneira do pistoleiro que, contratado para matar alguém, não aceita a rescisão do trato pelo mandante, porque 'já garrou raiva' da vítima".
"O ex-chefe do Ministério Público Federal agiu novamente com pressa, premiou outro delator (Lucio Funaro) e lançou nova flecha, cujo primeiro alvo foi a Língua Portuguesa, seguida pelo Direito e pelos próprios denunciados", argumenta a defesa.
"Infelizmente, o dr. Rodrigo Janot Monteiro de Barros abusou de sua independência funcional, extrapolou suas funções institucionais, revelando a mais absoluta e inadmissível parcialidade contra o defendente (Michel Temer).".