Principal aliado na base do governo Dilma, o PMDB é disputado por PT e PSDB em três Estados que, juntos, concentram 20% do eleitorado: Minas Gerais, Paraná e Ceará.
Além disso, o aliado no plano nacional já definiu que estará contra o PT na disputa local em ao menos quatro Estados: Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Piauí.
Secretário-geral do PSDB, o deputado federal Mendes Thame não esconde a intenção de atrair o aliado de Dilma. "Não temos uma campanha para presidente da República, temos 27 campanhas e precisamos nos fortalecer em 27 Estados", disse o tucano.
Apesar de peemedebistas reconhecerem que são remotas as chances de desembarque do governo, a preocupação no PT é que o aliado libere diretórios estaduais para apoiar adversários de Dilma na disputa presidencial.
"Nossa prioridade é reeleger a Dilma. Evidente que precisamos de um PMDB unido em todos os Estados no palanque dela", afirma o presidente do PT-RS, Ary Vanazzi.
Além do presidente nacional do PT, Rui Falcão, o ex-presidente Lula também fará uma rodada de conversas nos Estados que mais preocupam, como no Ceará.
O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) tem repetido que não abre mão de concorrer ao governo e que, se for dispensado pelo PT, estará aberto a uma aliança com o PSDB.
Líder nas pesquisas no Estado, Eunício já foi procurado pelo senador e presidenciável tucano Aécio Neves para fechar uma chapa com o ex-governador Tasso Jereissati (PSDB), que disputaria uma na vaga ao Senado.
No Ceará, o PT tem compromisso de apoiar o nome indicado pelo governador Cid Gomes (Pros), que, para apoiar Dilma, rompeu com o PSB, do pré-candidato ao Planalto Eduardo Campos (PE).
Em Minas, o PMDB se divide em três correntes.
A maioria defende a candidatura do senador Clésio Andrade. Parte quer indicar o ministro Antônio Andrade (Agricultura) como vice de Fernando Pimentel (PT).
Menos provável, mas usado como carta para negociar espaço na Esplanada, é o apoio ao PSDB, cujo candidato mais cotado hoje é o ex-ministro Pimenta da Veiga.
O presidente do PMDB mineiro, deputado Saraiva Felipe, aponta a falta de diálogo da cúpula com os diretórios estaduais como causa das dissidências. "É a primeira vez que não tem uma reunião para tentar adequar [as alianças]. É como se tivesse um "liberou geral", disse.
No Paraná, tucanos querem indicar o deputado Osmar Serraglio (PMDB) para vice do governador Beto Richa (PSDB), favorito nas pesquisas. Os dois são aliados, e Serraglio tem a seu favor o comando do diretório estadual.
Já as negociações do lado da candidata petista, Gleisi Hoffmann, ocorrem no plano nacional. O vice-presidente Michel Temer (PMDB) vê na candidatura do senador Roberto Requião (PMDB) a única chance de levar a disputa ao segundo turno.
Alguns casos já são considerados batalha perdida, como Bahia e Rio Grande do Sul, onde historicamente o PMDB faz oposição ao PT, e Pernambuco, onde o aliado apoiará o candidato do governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB).
No Piauí, a avaliação de peemedebistas é que a ruptura poderia ter sido evitada. Lá, foi o PT quem rompeu com PMDB, após cobranças para apoiar o aliado.
PT e PMDB têm ainda problemas para resolver em Estados como Rio de Janeiro, Maranhão, Paraíba e Mato Grosso do Sul, apesar de haver chances de aliança em caso de segundo turno