A deputada ítalo-brasileira Renata Bueno disse nesta segunda-feira que o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, foragido após ser condenado no julgamento do mensalão, teria transferido sua residência em 2010 para Madri. Renata afirmou, durante uma coletiva aos jornalistas brasileiros em Roma, que recebeu informações sobre uma possível emissão de um passaporte italiano em nome de Pizzolato em Madri. Por lei, todo cidadão italiano deve declarar sua residência, mesmo vivendo fora da Itália - Pizzolato tem dupla cidadania.
"Ainda não obtivemos respostas oficiais às nossas perguntas sobre o paradeiro de Henrique Pizzolato, sobre seu passaporte italiano e se realmente ele está na Itália", apontou Renata, recém chegada do Brasil. Segundo ela, o único questionamento oficial sobre o caso Pizzolato foi endereçado ao ministro do Interior italiano na semana passada.
As informações extraoficiais ainda dão conta de que Pizzolato estaria na companhia de sua mulher, Andrea Haas, que também teria cidadania italiana. "Não podemos permitir que o passaporte italiano seja usado para fins escusos", ressaltou Renata Bueno, que foi eleita pelos cidadãos italianos que vivem na América do Sul.
A deputada citou ainda um esquema internacional com ramificações no Brasil e na Itália que estaria dando suporte financeiro para o foragido. A possibilidade de que interesses econômicos e políticos por detrás do sumiço de Pizzolato estivessem ditando os passos dos diplomatas brasileiros e italianos demonstra, segundo Renata, que as relações entre Brasil e Itália passam por um momento crítico, mas que os italianos estariam dispostos a rever alguns acordos bilaterais.
"A Itália desengavetou, na quinta-feira passada, depois de cinco anos, por coincidência ou não, o tratado de transferência de condenados com o Brasil. Era justamente esta minha primeira proposição como deputada na Itália", relembrou a deputada, que não refutou o papel de ser mediadora entre os dois governos.
"A Itália deu um sinal positivo ao aprovar o tratado. O Brasil, entretanto, ainda não fez nenhum movimento para ratificar este acordo e nem para pedir, oficialmente, uma posição a Roma sobre o paradeiro de Pizzolato?, afirmou. Questionada se o caso poderia terminar em "pizza", Renata Bueno disse que não medirá esforços para que Pizzolato cumpra a pena no Brasil.