O procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, pediu nesta terça-feira (14) a condenação dos sete réus do chamado núcleo 4, grupo acusado de participar da tentativa de golpe de Estado de 8 de Janeiro.
A denúncia envolve seis militares do Exército e um agente da Polícia Federal (PF), apontados como responsáveis por promover uma campanha de desinformação e atuar dentro da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para difundir informações falsas sobre as instituições brasileiras.
Segundo Gonet, o objetivo era provocar instabilidade social e, com isso, justificar uma intervenção federal que culminaria no golpe.
Os réus são:
Ailton Moraes Barros (ex-major do Exército);
Ângelo Denicoli (major da reserva);
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal – IVL);
Giancarlo Rodrigues (subtenente);
Guilherme Almeida (tenente-coronel);
Marcelo Bormevet (agente da Polícia Federal);
Reginaldo Abreu (coronel do Exército).
Eles respondem pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
O julgamento do núcleo 4 ocorre na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) e faz parte da divisão de réus por grupos, conforme as funções desempenhadas durante a tentativa de golpe.
De acordo com o PGR, o núcleo teria utilizado a ferramenta FirstMile, da Abin, para identificar a localização georreferenciada de autoridades e pessoas ligadas ao governo Lula, configurando o que ele chamou de uma “Abin paralela” voltada a perseguir adversários políticos.
“Os réus propagaram sistematicamente notícias falsas sobre o processo eleitoral e realizaram ataques virtuais a instituições e autoridades que ameaçavam os interesses da organização criminosa”, afirmou Gonet durante o julgamento.
A PGR também destacou que o Instituto Voto Legal produziu um relatório distorcido sobre as urnas eletrônicas, encomendado pelo Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Gonet, o documento foi usado para sustentar uma narrativa falsa e descredibilizar o sistema eleitoral brasileiro.