A Polícia Federal investiga se o dinheiro que pagou a compra da casa do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), saiu da empreiteira Delta, que recebeu pelo menos R$ 48 milhões do governo goiano em 2011.
Os cheques que pagaram o imóvel, de 454 m², são de uma confecção chamada Babioli, que recebeu R$ 250 mil da Delta por meio de uma empresa-fantasma do grupo de Carlinhos Cachoeira, a Alberto e Pantoja. A Babioli é de uma cunhada de Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo, da PF.
A PF já identificou que o dinheiro da Delta foi parar numa conta da Babioli numa agência da Caixa Econômica Federal em Anápolis (GO).
Os investigadores agora querem saber se os cheques emitidos pela Babioli para a compra da casa de Perillo saíram desta mesma conta na Caixa Econômica que recebeu verba da Delta.
A cronologia dos fatos reforça a suspeita de ligação de dinheiro da Delta com a compra do imóvel. Em 30 de março de 2011, a Delta transferiu R$ 1 milhão para a Alberto e Pantoja. Cinco dias depois, a Pantoja repassou R$ 250 mil para a Babioli.
A investigação está em fase de perícia. Se atingir Perillo, a PF terá de enviar os dados para a Procuradoria-Geral da República, pois o governador tem privilégio de foro. Inquérito no Superior Tribunal de Justiça investiga relações de Perillo e Cachoeira.
Em depoimento à CPI anteontem, o ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB) disse que comprou a casa de Perillo com três cheques que, segundo seu advogado, foram fornecidos pela Babioli.
Garcez contou que os cheques foram emprestados por Cláudio Abreu, então diretor da Delta, para serem depositados em março, abril e maio. É o mesmo período do repasse do dinheiro da Delta à Alberto e Pantoja, e desta para a confecção Babioli. A compra da casa do governador por Garcez foi registrada em cartório em julho.
Na versão de Garcez, após comprar a casa de Perillo, o imóvel foi revendido para o empresário Walter Paulo, dirigente da Faculdade Padrão, em Goiás. Já o governador diz que a casa foi vendida diretamente ao empresário, sendo Garcez só intermediário. Perillo nega contradição entre a versão dele e a de Garcez e afirma que não observou o emitente dos cheques que pagaram a casa.
No registro do cartório a casa saiu do nome de Perillo para o nome de uma empresa chamada Mestra, em nome de Écio Antonio Ribeiro, funcionário de Walter Paulo na faculdade.
Em 9 de março de 2012, nove dias após a Monte Carlo ser deflagrada, Écio declarou em cartório que autorizou Walter a comprar a casa em nome da empresa.