PF indicia padre “palestrante” no inquérito do golpe; saiba quem é

Além de atividades religiosas, o sacerdote ministra palestras sobre temas como gênero, aborto, educação e defesa da família.

osé Eduardo de Oliveira e Silva, ligado à Igreja Católica | Reprodução/Redes sociais
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A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas no âmbito da investigação que apura uma tentativa de golpe de Estado no Brasil, ocorrida após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022. Com informações da Agência Brasil.

Entre os nomes listados está o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, ligado à Igreja Católica, que teria participado de uma reunião sobre o suposto plano golpista com Bolsonaro.

Quem é o padre José Eduardo?

Nascido em Piracicaba (SP), José Eduardo mudou-se ainda jovem para Carapicuíba (SP), onde despertou sua vocação sacerdotal. Ordenado em 2006 pela Diocese de Osasco (SP), atualmente ele exerce o cargo de pároco na Paróquia São Domingos, na mesma região. 

Além de atividades religiosas, o sacerdote ministra palestras sobre temas como gênero, aborto, educação e defesa da família. Em 2017, ganhou notoriedade nas redes sociais por suas opiniões consideradas polêmicas sobre a chamada "ideologia de gênero".

Nas redes, José Eduardo acumula 424 mil seguidores e também utiliza o YouTube para divulgar aulas de teologia, plataforma onde possui 136 mil inscritos. Ele é doutor em Teologia Moral pela Universidade da Santa Cruz, em Roma, e oferece cursos religiosos, cujos valores podem ultrapassar R$ 800 anuais.

Ações da Polícia Federal

Em fevereiro de 2023, o padre foi alvo de busca e apreensão pela PF, sob suspeita de integrar o núcleo jurídico que teria elaborado decretos e documentos associados ao planejamento de um golpe de Estado. Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), o núcleo jurídico fornecia suporte técnico e doutrinário para os interesses do grupo investigado.

A investigação revelou que José Eduardo esteve presente em uma reunião no dia 19 de novembro de 2022, em Brasília (DF), com Filipi Martins e Amauri Feres Saad, ambos também indiciados. Registros de entrada e saída no Palácio do Planalto confirmaram a presença do religioso no local naquela data.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes destacou que o padre mantinha conexões, documentadas em seu site, com pessoas e empresas já investigadas por disseminação de informações falsas.

Defesa do padre

A defesa de José Eduardo criticou a inclusão de seu cliente na lista de indiciados, alegando que a Polícia Federal teria violado sigilo de investigações e até mesmo comunicações espirituais, as quais são protegidas por lei. Em nota, os advogados afirmaram que a divulgação pública dos indiciados, sem autorização judicial, representaria um "abuso" na condução do caso.

Lista dos indiciados

Além de Bolsonaro e José Eduardo, outras figuras de destaque foram indiciadas, incluindo militares, ex-ministros e aliados políticos. Todos respondem pelos crimes de:

  • abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • tentativa de golpe de Estado;
  • organização criminosa.

Veja quem são os indiciados: 

  • Ailton Gonçalves Moraes Barros
  • Alexandre Castilho Bitencourt da Silva
  • Alexandre Rodrigues Ramagem
  • Almir Garnier Santos
  • Amauri Feres Saad
  • Anderson Gustavo Torres
  • Anderson Lima de Moura
  • Angelo Martins Denicoli
  • Augusto Heleno Ribeiro Pereira
  • Bernardo Romão Correa Netto
  • Carlos César Moretzsohn Rocha
  • Carlos Giovani Delevati Pasini
  • Cleverson Ney Magalhães
  • Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
  • Fabrício Moreira de Bastos
  • Filipe Garcia Martins
  • Fernando Cerimedo
  • Giancarlo Gomes Rodrigues
  • Guilherme Marques de Almeida
  • Hélio Ferreira Lima
  • Jair Messias Bolsonaro
  • José Eduardo de Oliveira e Silva
  • Laercio Vergilio
  • Marcelo Bormevet
  • Marcelo Costa Câmara
  • Mario Fernandes
  • Mauro Cesar Barbosa Cid
  • Nilton Diniz Rodrigues
  • Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
  • Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
  • Rafael Martins de Oliveira
  • Ronald Ferreira de Araújo Junior
  • Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
  • Tércio Arnaud Tomaz
  • Valdemar Costa Neto
  • Walter Souza Braga Netto
  • Wladimir Matos Soares

 

O caso segue sob análise do STF, e a repercussão levanta debates sobre as implicações jurídicas e políticas da investigação.

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