A Polícia Federal indiciou quatro ex-diretores e coordenadores da Polícia Rodoviária Federal (PRF) acusados de agir para dificultar ou impedir o deslocamento de eleitores durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2022, quando Luiz Inácio Lula da Silva disputava a presidência. Com informações do UOL.
Os nomes citados no inquérito
• Luis Carlos Reischak Junior, ex-diretor de Inteligência e ex-Superintendente da PRF no Rio Grande do Sul;
• Rodrigo Cardozo Hoppe, ex-diretor de Inteligência Substituto;
• Djairlon Henrique Moura, ex-diretor de Operações;
• Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de Análise de Inteligência da PRF;
• Bruno Nonato dos Santos Pereira, ex-coordenador-geral de Inteligência e Contrainteligência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O indiciamento foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em dezembro de 2024, mas só foi divulgado na quarta-feira (22).
Acusações contra os envolvidos
Segundo o relatório, os acusados podem responder pelos crimes de:
• Desobediência;
• Prevaricação (desrespeito à lei por parte de um agente público);
• Restrição ao exercício do direito de voto;
• Tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, pela suposta omissão ou participação em ações que comprometeram o processo eleitoral.
O CASO
Em outubro de 2022, durante o segundo turno, a PRF realizou operações que comprometeram a circulação de eleitores, especialmente no Nordeste, região onde Lula (PT) tinha maior apoio nas pesquisas. Relatórios mostram que, entre 28 e 30 de outubro, a PRF abordou 2.185 ônibus na região Nordeste, em comparação com 571 no Sudeste.
No dia da eleição, Alexandre de Moraes, ministro do STF, determinou a suspensão das operações da PRF, ameaçando de prisão o então diretor-geral da instituição, Silvinei Vasques. Contudo, as ordens foram ignoradas, e as blitzes continuaram.
Mensagens obtidas pela PF revelaram que Adiel Alcântara, um dos indiciados, criticava Vasques, atribuindo a ele decisões como “policiamento direcionado” para influenciar os eleitores. Vasques, na véspera da eleição, havia declarado publicamente apoio ao então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em investigações anteriores, a Polícia Federal já havia responsabilizado o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, além de outros integrantes da PRF e do Ministério da Justiça, por interferências semelhantes no deslocamento de eleitores no Nordeste.