O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), que responde a um processo no Conselho de Ética do Senado por quebra de decoro parlamentar, teve gravadas pela Polícia Federal 416 conversas telefônicas com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, segundo o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
De acordo com Rodrigues, a informação foi dada pelos delegados Raul Alexandre Marques Souza e Mateus Mella Rodrigues, em depoimento durante sessão fechada aos integrantes do Conselho de Ética do Senado na manhã desta terça (15). O advogado do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, acompanhou o depoimento. Ele afirmou que o senador foi investigado ilegalmente pela PF.
Os dois são responsáveis pela operações Vegas e Monte Carlo, que investigou esquema de jogo ilegal chefiado, segundo a PF, por Cachoeira. O senador Demóstenes Torres responde a processo no Conselho de Ética, que apura se quebrou o decoro parlamentar ao supostamente ter usado usou o mandato em favor dos interesses do bicheiro.
"O delegado informou que foram 416 diálogos entre o Demóstenes e o Cachoeira nas duas operações. Destes, 63 foram na Operação Vegas e 353 na Operação Monte Carlo. Além disso, teve diálogos do Demóstenes com outros 25 investigados das operações", disse o senador Randolfe Rodrigues.
Se o processo chegar ao plenário do Senado, Demóstenes poderá ter o mandato cassado, em votação secreta dos parlamentares.
Além dos telefonemas entre Demóstenes com Cachoeira, os delegados ainda afirmaram, segundo o Randolfe Rodrigues, que o nome de Demóstenes é mencionado em outras 293 ligações realizadas entre os integrantes da quadrilha. "Está cada vez mais claro que o senador usou seu mandato para beneficiar o bicheiro", disse Randolfe.
Ainda de acordo com Randolfe, os delegados ainda contaram que em um dos diálogos entre Demóstenes e Cachoeira, o senador afirmou que teria de demitir dois funcionários do gabinete "porque estava havendo uma caça aos fantasmas do Senado".
Outra conversa relatada pelos delegados, segundo o senador, é uma em que o contador do bicheiro, Gleyb Ferreira, estaria na frente da casa do senador para entregar dinheiro ao ele. "O Gleyb estava na porta da casa do senador e disse que estava com os R$ 2 mil do Demóstenes, e o Cachoeira disse "entrega para ele", narrou o senador.