A Polícia Federal (PF) cumpriu nesta quinta (20) três mandados de busca e apreensão em endereços ligados à família do senador Aécio Neves (PSDB-MG). A ação, nova fase da Operação Ross, deflagrada na semana passada, foi autorizada pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal. O objetivo da operação, segundo a polícia, é coletar provas que esclareçam indícios de lavagem de dinheiro e corrupção.
Um dos endereços alvo de busca é de Inês Neves da Cunha, mãe de Aécio, no bairro do Sion; outro, é o apartamento de Frederico Pacheco, primo de Aécio, que já foi alvo da PF no ano passado; o terceiro é a sede da empresa Albatroz.
O inquérito apura os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com a PGR (Procuradoria-Geral da República), o Grupo J&F - holding controladora da JBS - teria repassado cerca de R$ 110 milhões a Aécio e parte do valor teria sido distribuído para 12 legendas que o apoiaram na disputa presidencial contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014.
As investigações da PGR apontam que parte do dinheiro foi entregue em espécie a Aécio, enquanto outra parte dos repasses foi feita por transferência bancária e pelo pagamento de serviços simulados. É a segunda vez neste mês que parentes do senador (e futuro deputado federal) são alvos de uma operação da polícia.
A primeira foi no dia 11 de dezembro, quando a Operação Ross foi até imóveis ligados ao senador e à irmã dele, Andréa Neves, para coletar provas em mandados de busca e apreensão.
De acordo com a Polícia Federal, a Operação Ross esteve atrás de documentos relacionados a uma emissão de notas frias, que a PF suspeita que encobririam uma suposta propina de R$ 128 milhões paga pela JBS para o tucano de 2014 a 2017. A Operação Ross também teve como alvo o deputado Paulinho da Força (SD-SP).
OUTRO LADO - A defesa do senador Aécio Neves disse que soube das buscas na residência da mãe do senador com surpresa e indignação e considerou a ação da polícia "desnecessária e descabida".
"Bastava que se consultasse o sistema de imagens do prédio para se comprovar a falsidade da denúncia e se evitar violência e afronta à privacidade de uma cidadã brasileira", afirmou o advogado de defesa de Aécio Neves, Alberto Zacharias Toron.
"A empresa Albatroz mencionada ficou inativa por sete anos até ser extinta seis anos atrás, sendo, portanto, incompreensível o pedido de busca numa empresa que as autoridades sabem não existir. O mesmo endereço já havia sido alvo de busca e apreensão em 2017 e nada de irregular foi encontrado", prosseguiu o advogado.
A defesa de Aécio afirma ainda que o senador sempre esteve à disposição de todas as autoridades. "Ele é o maior interessado na elucidação dos fatos." "Por fim, aguardamos a finalização célere das investigações para que fiquem provadas, de uma vez por todas, as falsas e convenientes acusações feitas por criminosos confessos que ensejam esse inquérito", declarou Toron.