O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, concedeu entrevista à rádio CBN na manhã desta sexta-feira (20) e lembrou da derrota de seu candidato, Jair Bolsonaro (PL), para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última eleição presidencial.
"Quando acabou a eleição, eu fiquei surpreso. No dia seguinte, eu não quis ir vê-lo. Ele mandou me chamar, eu fui e fiquei impressionado com como ele estava abatido. Na semana seguinte, cheguei a pensar que o Bolsonaro fosse morrer, ao ver o estado que ele estava. Passadas algumas semanas, ele melhorou", declarou.
Valdemar reforçou sua preocupação e afirmou que o temor pela saúde de Bolsonaro era real.
"Ele explicou que estava sem comer. Ficava quatro, cinco dias sem comer. Cheguei a avisar o assessor dele: 'O Bolsonaro vai morrer'."
"Culpa é do governo"
O presidente do partido também comentou sobre os atos terroristas praticados por apoiadores do ex-presidente no último dia 8, em Brasília. Para ele, Bolsonaro teve "zero responsabilidade" no episódio.
“A culpa de tudo isso é do governo atual. São eles quem mandam no Exército, nas policias e isso aconteceu. Não tinha policial suficiente para defender os prédios federais”, garantiu.
Valdemar considerou, ainda, que o "bolsonarista de verdade é família, não gosta disso, ficou pedindo para que não se quebrasse nada". "Havia extremistas infiltrados", falou.
Ao contrário do comentado pelo político, no entanto, as investigações dão conta de que pessoas próximas a Bolsonaro foram responsáveis por financiar os atos, e que o ex-presidente é tido como líder intelectual do episódio de vandalismo.
Relação com Lula
Apesar das críticas ao novo governo, Valdemar garantiu que o PL não fará oposição radical ao mandato de Lula. Pelo contrário: garantiu que pode até votar com o presidente em questões de interesse nacional.
"Não vamos fazer uma oposição radical. Somos um partido de direita, mas não queremos que o Brasil vá para trás", argumentou.
Retorno de Bolsonaro e "salário de ministro"
Sobre o "exílio" do ex-presidente nos Estados Unidos, o líder do PL garantiu que o retorno ao Brasil acontecerá no fim desse mês, apesar dos rumores de um possível prolongamento da viagem.
Valdemar explicou que vai pagar "salário de ministro" para Bolsonaro e sua esposa, Michelle, para que sigam trabalhando no partido.
“Quero de qualquer forma o Bolsonaro aqui no Brasil, trabalhando e prestigiando o partido, indo nos nossos eventos, visitando as cidades. E principalmente a esposa dele, a dona Michelle, que se revelou com um carisma impressionante. Com isso, nós queremos eles para que fortaleçam o nosso partido.”
Minuta do golpe
Em relação à "minuta do golpe", encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, preso desde o último fim de semana, Valdemar fez questão de se distanciar da questão e se disse "surpreso" com a existência do documento.
“Olha, fiquei surpreso, lógico! Mas acontece que daquele documentos, vários outros circularam. Teve gente que me mandava proposta de qual lei ou artigo eu tinha que usar para não deixar o Lula assumir. As propostas vinham de todo lugar. Aquilo que acharam na casa do ex-ministro da Justiça pode ter sido uma dessas”, concluiu.