Personagem central do debate realizado no último domingo (10) pela TV Bandeirantes, o ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, apareceu e deu entrevista à repórter Andréa Michael, do jornal Folha de São Paulo, publicada nesta terça-feira (12). Paulo cobrou que Dilma Rousseff (PT) apresente provas contra ele, mas cobrou também que José Serra o defenda. Ele disse que todas as suas "atitudes" foram informadas a Serra e garantiu: "não somos amigos, mas ele (Serra) me conhece muito bem. Até por uma questão de satisfação ao País, ele tem que responder (...) Acho um absurso não ter resposta, porque quem cala consente".
No debate de domingo, Dilma Rousseff perguntou a José Serra o que ele teria a dizer sobre "seu assessor que fugiu com R$ 4 milhões, dinheiro de sua campanha". Ainda na conversa com o jornal Folha de São Paulo, o ex-diretor de engenharia da Dersa deu, segundo o jornal, um recado para antigos companheiros: "não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro".
Nessa segunda-feira (11), o tucano paulista, em caminhada pelas ruas do centro de Goiânia, afirmou que não conhecia Paulo Preto. "Nunca ouvi falar. Ele foi um factóide criado para que vocês (imprensa) fiquem perguntando". Serra ainda falou que não iria gastar horas de um debate nacional discutindo "bobagens".
As denúncias contra Paulo Preto foram publicadas pelas revistas Veja e Istoé . Chamado de "homem-bomba do PSDB", a matéria da Veja, publicada em maio deste ano, revelava que Paulo Preto havia sido demitido oito dias depois de ter inaugurado o trecho sul do Rodoanel, em São Paulo. A Istoé completou a denúncia em agosto, em uma matéria em que tucanos contaram que Preto teria arrecadado R$ 4 milhões não declarados pelo PSDB. Preto e o partido negam. Na entrevista à Folha de São Paulo, Paulo Preto diz que não irá processar Dilma porque "ela foi pautada por falsas informações publicadas".
O engenheiro nega ter arrecadado recursos para o partido, mas admite que criou as melhores condições para que houvesse aporte de recursos em campanhas. Diz ele que deu a palavra final e fez os pagamentos nos prazos às empreiteiras que atuaram nas grandes obras de São Paulo, como o Rodoanel, a avenida Jacú-Pêssego e a ampliação da Marginal. Afirmou ,Paulo Preto, à Folha de São Paulo: "ninguém nesse governo deu condições das empresas apoiarem (sic) mais recursos politicamente do que eu". Descreve ainda o jornal que, desde criança, Paulo Preto sabia o que seria na vida: "rico".
Na entrevista, o engenheiro reafirmou sua amizade com o senador eleito de São Paulo, Aloysio Nunes (PSDB), a quem assessorou durante o governo FHC. O senador não respondeu à entrevista da Folha de São Paulo.