O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu cortes de gastos no Sistema S e disse que a entidade precisa se adequar à austeridade do próximo governo. A afirmação foi feita em um almoço com empresários e políticos na sede da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (17). A própria Firjan faz parte do Sistema S. Os cortes, segundo Guedes, podem variar entre 30% e 50% do orçamento atual.
“Tem que meter a faca no Sistema S. Vocês acham que a CUT [Central Única dos Trabalhadores] perde sindicatos, e aqui continua tudo igual, com almoço bom?”, disse Guedes. Alguns dos presentes riram da declaração, mas a maioria presente no auditório da Firjan permaneceu séria. Ao final do pronunciamento de Guedes, o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, pediu a palavra e comentou a fala diante do futuro ministro. “Já existe um grupo de trabalho nessa casa para submeter ao seu governo, em breve. O senhor disse, por diversas vezes, que não quer destruir o que funciona. Temos 4.000 funcionários na Firjan e precisamos descobrir uma forma de ser contemporâneos e levar o trabalho adiante”, afirmou.
Além da Firjan, formam o Sistema S o Sesi e o Senai (que estão no bojo da Firjan), o Sesc, o Senac, o Sebrae, o Sescoop, o Sest, o Senat e o Senar. O Sistema S foi concebido na década de 1940 para promover capacitação de mão de obra, cultura e lazer para o trabalhador. Custeado pela contribuição das empresas, passou a ser administrado pelas federações patronais, que recebem uma espécie de “taxa de gestão”.
Ao final do evento, Eduardo Eugenio voltou a comentar a fala de Paulo Guedes: “Eu acho que todas as organizações e instituições do Brasil, públicas ou privadas, merecem, sim, uma revisita do poder público. Esses 30% são apenas para as indústrias? Ou no total? São perguntas a serem respondidas. É claro que existem verbas a serem reduzidas”, disse Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan.
Durante discurso realizado diante do governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e do prefeito da capital, Marcelo Crivella (PRB), Guedes pediu ajuda para levar à frente a reforma da Previdência. O futuro ministro também defendeu mais investimentos em estados e municípios durante o governo Bolsonaro.
“Vamos descentralizar o orçamento para os municípios. A nossa atual previdência é um avião antigo. Essa previdência já quebrou antes de ver a população envelhecer. Existe uma bomba demográfica a bordo. Esse sistema destrói um emprego para assegurar a velhice de outro trabalhador. Vamos colocar esse avião para decolar e liberar as empresas dos encargos trabalhistas”, disse.