O ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Gerardo Grossi, que emprega o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, afirmou nesta quinta-feira (3) que o mais novo funcionário de seu escritório de advocacia chegou em "clima de excitação" ao primeiro dia de trabalho. Dirceu começou a trabalhar nesta quinta na biblioteca do escritório de Grossi.
Indagado por repórteres sobre se o ex-ministro da Casa Civil estava animado com a oportunidade de trabalho fora da cadeia, Grossi foi taxativo: "É uma coisa natural, excitação de uma pessoa há tanto tempo presa e que se vê livre. Você já abriu gaiola de passarinho? Ele sai, canta, roda", comentou o advogado.
Condenado no processo do mensalão do PT a 7 anos e 11 meses de prisão pelo crime de corrupção ativa, Dirceu recebeu autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 25 de junho, para exercer atividade profissional fora do presídio. Ele foi contratado para trabalhar na biblioteca do escritório de Grossi, na área central de Brasília.
Por ordem da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, o antigo chefe da Casa Civil foi transferido nesta quarta (2) do Complexo Penitenciário da Papuda, nos arredores de Brasília, para o Centro de Progressão Penitenciária, presídio da capital federal que abriga detentos do regime semiaberto.
Dirceu chegou ao escritório de Grossi antes das 8h e teve que esperar cerca de meia hora para que o dono da empresa chegasse e abrisse o local. O escritório só começa a funcionar a partir das 9h. "Ele [Dirceu] chegou muito antes, ele deve chegar às 9h." "Para o primeiro dia, está bom", comentou Grossi.
O chefe de Dirceu também esclareceu que, após o primeiro dia de trabalho, o ex-ministro já irá ganhar uma folga, porque não haverá expediente no escritório nesta sexta por conta do jogo do Brasil nas quartas de final da Copa do Mundo.
"Todos os jogos do Brasil não tivemos expediente, por que abrir amanhã? Não haverá expediente amanhã, como tenho feito nos dias do jogo do Brasil."
"Abobrinhas"
O ex-ministro do TSE afirmou que estava há muito tempo sem conversar com Dirceu e que ambos só conversaram "abobrinhas" neste primeiro dia de trabalho.
Aos jornalistas, Grossi relatou que aproveitou a primeira manhã de trabalho de Dirceu para dar instruções sobre o trabalho na biblioteca.
"Nesse primeiro momento, fazia tempo que não nos falávamos, tomamos café. Agora que a gente cuidar de trabalhar. [...] Conversamos abobrinhas. Ele falou que não tem o que recriminar no sistema penitenciário de Brasilia", disse o patrão de Dirceu.
Em tom de brincadeira, o advogado José Gerardo Grossi também comentou o fato de José Dirceu estar visivelmente mais magro após sete meses e meio na cadeia.
"Eu estou com inveja dele", disse o ex-ministro do TSE.