Assim como as sessões da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, a passagem do deputado Marco Feliciano (PSC) pela capital baiana, na noite de quinta-feira, foi bastante tumultuada a ponto de o pastor ter que sair escoltado e com o rosto escondido durante manifestação de grupos de minorias.
Ele esteve na sede da Igreja Batista Avivamento Profético, no bairro da Ribeira para participar de um culto que integrou o 20° Congresso do Poder Impacto Espírito Santo. Enfrentou manifestações contra e a favor no lado de fora do templo. Mas, a imagem marcante foi de Feliciano tentando esconder a cabeça com seu paletó para não ser reconhecido, com o objetivo de escapar do assédio de manifestantes ligados a grupos homossexuais e da imprensa, que o aguardavam no local.
Ele foi protegido por uma figura folclórica da política baiana, o deputado estadual evangélico pastor Isidório de Santana (PSB) que ficou conhecido nacionalmente por ter feito um longo discurso, no plenário da Assembleia Legislativa, criticando o exame de toque retal (preventivo ao câncer de próstata) ao qual havia se submetido pouco antes do início da sessão na Casa.
Dizendo-se um ?ex-gay?, Isidório fez discurso homofóbico durante o culto de ontem. Chamou os manifestantes contrários a Feliciano de "Zé Povinho", e disse que não seriam abençoados por Deus por aceitarem o ?sexo sujo?, como qualificou a relação homossexual. Também reclamou de suposta perseguição religiosa que estariam promovendo contra Feliciano. Por sua vez, o presidente da Comissão de Direitos Humanos disse no culto que ?não sabe bater?, mas aguenta apanhar.
PSB emite nota após fala de pastor
As declarações do pastor Isidório levaram a direção estadual do seu partido, o PSB a emitir nota pública repudiando os termos usados e esclarecendo que ele não fala pela sigla. Em um trecho, a nota diz que o pensamento do deputado evangélico difere do partido socialista ?que tem entre os seus princípios o combate à homofobia, a defesa da livre orientação afetivo-sexual, igualdade e liberdade, bem como, a legitimação dos Direitos Humanos?. O texto não informa, no entanto, se o deputado será punido.