Parlamentares que estiveram neste domingo (17) no velório do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos afirmaram que a entrada de Marina Silva na disputa pela Presidência da República como candidata do PSB reforça a possibilidade de segundo turno na eleição deste ano.
O nome de Marina como candidata será oficializado em reunião do PSB na próxima quarta-feira (20), em Brasília. Mas ainda há dúvida sobre o candidato a vice. Pode ser um deputado – Beto Albuquerque (RS), Luiza Erundina (SP) e Maurício Rands (PE) estariam entre os cotados – ou a viúva de Campos, Renata, embora aliados apostem que ela se engajará na campanha, mas não deverá concorrer porque tem cinco filhos e o marido acaba de morrer. "O Beto Albuquerque é um nome que contempla todo o partido e a militância porque tem história e identificação com o PSB", afirmou um dirigente partidário que preferiu não se identificar.
Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a entrada de Marina Silva na disputa, obrigará o PT a repensar a campanha. "Minha opinião é que Dilma é favorita. Mas há mudança de quadro. [A presença de Marina] gera segundo turno. Não sei se quem vai é Marina ou Aécio [Neves, do PSDB] , mas Dilma vai na liderança", afirmou.
Teixeira afirmou que, embora a presidente Dilma Rousseff tenha preocupação com a questão ambiental, o PT terá que se preparar para embates sobre o tema. "Marina tem uma agenda ambiental, e Dilma também tem, mas Marina vem com força, o que requer uma calibragem."
Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), a presença de Marina entre os concorrente cria um "terceiro turno" na eleição.
"A configuração que se tinha até aqui acabou. É como se tivéssemos três turnos. O primeiro terminou quarta, com a morte de Eduardo, e quarta começa o segundo turno com outra configuração", declarou.
Para Randolfe Rodrigues, Marina tem força eleitoral, e o aspecto emocional, com a morte de Eduardo Campos, pode fazer diferença. "Marina chega com força e não tem como negar que o aspecto emocional vai influenciar", disse.
O senador Lindbergh Farias (PT-RS), candidato ao governo do Rio de Janeiro, também disse durante o velório que a candidatura de Marina Silva chega "com muita força".
"Nessa eleição, para mim, sempre esteve claro que haveria segundo turno, só nao se sabia se com Aécio Neves ou Eduardo [contra Dilma]. Agora, não tem como negar que a candidatura de Marina chega com muita força", afirmou.
Acordos
O ex-deputado Maurício Rands, coordenador do programa de governo do PSB, disse que Marina Silva como candidata vai cumprir os acordos firmados nas coligações estaduais, mesmo em estados como São Paulo, onde o PSB fez aliança com o PSDB.
"Não acho que vai haver maiores problemas até porque o rabo não balança o cachorro. O cachorro deve ser balançado pela cabeça. E a cabeça é a disputa pelo poder federal em Brasília. Marina como candidata a presidente vai respeitar os acordos que foram feitos", disse.