A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira (12), durante cúpula do Mercosul no Uruguai, que o bloco deve adotar ?medidas cabíveis pertinentes? para evitar a repetição de episódios de espionagem como recentemente revelado.
?Mais do que manifestações, devemos também adotar medidas cabíveis pertinentes para coibir a repetição de situações como essa?, afirmou a presidente, que saudou a decisão do Mercosul de rechaçar o monitoramento feito pelos Estados Unidos.
?Queria também saudar a decisão no âmbito do Mercosul do direito ao asilo?, disse a presidente, sem se referir ao ex-agente americano Edward Snowden, ao qual a Venezuela, integrante do Mercosul, ofereceu asilo.
Nos últimos dias, o jornal ?O Globo? revelou que, na última década, pessoas residentes ou em trânsito no Brasil, assim como empresas instaladas no país, se tornaram alvos de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês) por telefonemas e e-mail.
Segundo a reportagem, não há números precisos, mas em janeiro passado o Brasil ficou pouco atrás dos Estados Unidos, que teve 2,3 bilhões de telefonemas e mensagens espionados.
A presidente disse, durante discurso na cúpula, que a segurança do país e a privacidade dos cidadãos e empresas ?devem ser preservadas?. ?Esse é um momento de demarcar um limite para o Mercosul?, declarou.
Dilma disse que o governo e o povo brasileiros ?não transigem com sua soberania?. ?Por isso saúdo a decisão de rechaço tomada pelo Mercosul para todas as questões relativas ao ferimento tanto da nossa soberania quanto o direito individual de nossos povos?, afirmou.
As recentes denúncias de que informações eletrônicas de cidadãos e instituições brasileiras estão sendo objeto de espionagem por órgãos de inteligência, de acordo com a presidente, ?fere nossa soberania e atinge os direito individuais inalienáveis de nossa população?. Em nenhum momento do seu discurso, porém, a presidente citou os Estados Unidos.
A presidente também disse que o Mercosul repudia o fato de Itália, Portugal e França não deixarem o avião de Evo Morales, presidente da Bolívia, pousar em seus países. O presidente foi impedido de entrar no espaço aéreo de França, Portugal e Itália pela suspeita de que estava transportando o ex-técnico da CIA Edward Snowden - procurado pelos Estados Unidos. Depois das negativas de Itália, Portugal e França, o avião pôde pousar na Áustria. Para Dilma, países latino-americanos "foram ofendidos" com o impedimento.
"Queria dirigir um cumprimento muito especial e solidário ao presidente Evo Morales. Esse cumprimento faz parte da convicção de que esta região não pode deixar de manifestar o mais integral repúdio ao tratamento dispensado aonde nossos presidente por países europeus. Cada um de nós tem de defender essa posição de repúdio só por causa do presidente Evo Morales, mas porque uma parte de cada um de nós, presidentes de países latino-americanos, foi ofendida e foi de fato atingida por esse ato. Não há a possibilidade dessa solidariedade não se refletir em tato concreto efetivos seja junto aos governos, como junto aos embaixadores desses países", afirmou.
Paraguai
Dilma disse que o bloco tem uma ?tarefa importante a realizar?, que é o regresso do Paraguai ao Mercosul. ?O Paraguai e o povo paraguaio são partes essenciais no destino do Mercosul. Queremos tê-los de volta?, afirmou.
O Paraguai está suspenso dos dois principais blocos econômicos da América do Sul, Mercosul e da Unasul, desde a destituição de Fernando Lugo da presidência do país, em junho de 2012. A posse do novo presidente eleito, Horacio Cartes ? em 15 de agosto deste ano ? marcará o regresso do país ao bloco.
?A posse do presidente Horacio Cartes daqui a pouco mais de um mês é motivo de esperança e de muita expectativa para a região?, declarou a presidente, que lembrou que durante o período de suspensão do Paraguai os países membros do Mercosul mantiveram relações comerciais.
?Nós jamais tivemos atitude de retaliação ao povo ou ao governo do Paraguai?, disse a presidente ao informar que houve ampliação das trocas comerciais entre o bloco e o país. ?Isso mostra maturidade política e econômica do Mercosul?, afirmou.