O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, concedeu entrevista no Palácio do Planalto para negar a assinatura em uma declaração que permitiu ao Instituto Brasil de Arte, Esporte, Cultura e Lazer (Inbrasil) - entidade supostamente fantasma - captar R$ 3,1 milhões junto ao Ministério do Turismo, como revelou reportagem do jornal ?Estado de S. Paulo? nesta sexta-feira (10).
Padilha classificou o documento de ?montagem? e disse que solicitou ao Ministério da Justiça a abertura de investigação pela Polícia Federal para saber quem teria ?escaneado? sua assinatura.
O ministro disse que, tão logo foi informado sobre o caso, comunicou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "O presidente Lula me disse: "Investigue até o fim."
?Quero mostrar minha indignação com o arquivo em PDF que recebi ontem do jornal ?Estado de S. Paulo?, que tem nesse arquivo uma declaração com evidências claras de montagem e uma assinatura escaneada nesse arquivo reconhecendo uma entidade sobre recursos do Ministério do Turismo?, disse Padilha.
Segundo reportagem, Padilha teria assinado um documento que atestaria o ?funcionamento? e os ?relevantes serviços? prestados pelo Inbrasil, uma entidade supostamente fantasma, registrada na casa de um publicitário, num bairro nobre de Brasília. A entidade teria o objetivo, segundo o jornal, de favorecer negócios de uma empresa ligada ao filho do publicitário, que seria militante do PT.
Para liberar recursos, a União exige a apresentação de uma declaração assinada por três autoridades atestando o funcionamento de no mínimo três anos e a competência dos serviços prestados pela entidade. Sem o papel que Padilha diz ter sido falsificado com sua assinatura, o Inbrasil não teria conseguido recolher dinheiro no Ministério do Turismo.
Além da investigação na PF, Padilha abriu uma sindicância na Secretaria de Relações Institucionais para apurar o fato e disse que encaminhou ofício ao Ministério do Turismo pedindo ao ministro que apure o fato.
?Não conheço?
Questionado se teria relações com os representantes da entidade, Padilha negou conhecer o publicitário ou seu filho. ?Não conheço essas pessoas, não tenho nenhuma relação com essas pessoas?, afirmou Padilha.
Ainda de acordo com o jornal, o papel com a assinatura do ministro Padilha tem data de 22 de março deste ano e está anexado ao processo do Inbrasil. Uma ex-assessora de Padilha, Crisley Lins, teria contado ao jornal que pediu, por telefone, ao ministro para assinar uma declaração atestando o funcionamento do Inbrasil.
?Não me lembro?
Questionado se teria recebido, de fato, o pedido, Padilha disse não se recordar da conversa com a ex-assessora. ?Não me lembro se houve ou se não houve a ligação. Quem tem que mostrar se houve ou se não houve não sou eu. O que ela relata no jornal é um procedimento absolutamente padrão. Ela solicita uma assinatura e o que ela disse é que eu retorno a ligação para que encaminhe ao gabinete para ver que documento que é?, disse Padilha.
Padilha evitou responder se o Ministério do Turismo teria sido incompetente ao liberar recursos para uma entidade mediante apresentação de um documento falso e com ?falhas grosseiras?, como ele mesmo classificou.
Falhas
A assessoria do ministro das Relações Institucionais distribuiu um documento no qual aponta as supostas falhas no documento. ?Assinatura escaneada, RG de Padilha incorreto, telefone e e-mail do ministério incorreto? são algumas falhas apontadas pelo ministério. Além disso, segundo Padilha, até o CNPJ da entidade estaria incorreto no documento.