Em ano de eleição, a cidade de São Paulo terá R$5,5 bilhões em repasses do governo federal em 2014. O valor consta na proposta de orçamento enviada pelo prefeito Fernando Haddad (PT) aos vereadores da Câmara Municipal de São Paulo e aprovada, em primeira votação, nesta quarta-feira (04).
De acordo com a peça orçamentária, os repasses do governo federal são três vezes maiores que o R$1,7 bilhão orçados pela Prefeitura no ano de 2013, ainda sob a tutela do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD).
Os gastos federais na cidade em 2014 se darão basicamente em formas de investimentos nas áreas de Habitação, Transporte, Saneamento e Saúde.
Coincidência ou não, a área que terá mais dinheiro do governo federal em São Paulo é a Saúde, que terá a aplicação de R$2,313 bilhões através de convênios e repasses do Sistema Únicos de Sáude (SUS). Como se sabe, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é pré-candidato do PT ao governo de São Paulo.
Além da Saúde, a área de Transporte terá R$1,472 bilhão através de recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), assim como a área de Saneamento Básico, que terá R$758,1 milhão do mesmo programa.
Uso eleitoral
O líder do PSDB na Câmara Municipal, vereador Floriano Pesaro, classifica esse aumento de repasses como um ?escandaloso esforço eleitoral do governo? para viabilizar o candidato do PT. ?Se pegarmos os dados deste ano, podemos ver que os repasses foram quase nulos. É muito coincidência isso ocorrer num ano eleitoral, com uma gana de ganhar a eleição que o PT está. Essa administração não sabe fazer projeto, não sabe administrá-los e, portanto, preocupa o fato de tanto dinheiro chegar a cidade sem uma clara definição de como serão gastos?, argumenta Pesaro.
O relator do orçamento na casa e líder do PT, vereador Paulo Fiorillo, contesta o argumentos dos tucanos em ironia e diz que é primeira vez que vê reclamação de vereador porque a cidade ganhou mais recursos. ?Esse dinheiro estava disponível o tempo todo em Brasília. Mas as administrações anteriores não tiveram a capacidade de viabilizar. Não sei se por boicote ou por incapacidade?, aponta o petista.
Mais comedido que a maioria dos oposicionistas, o vereador Mário Covas Neto, também do PSDB, diz que vê com bons olhos a chegada de mais recursos para a cidade. ?Finalmente São Paulo está tendo retorno da quantidade de impostos que se arrecada aqui?, afirma.
Comemoração e ironia
Covas chama atenção, contudo, para a ?coloração partidária dos recursos?: ?Se por um lado eu comemoro, por outro lamento que esses recursos não tenham chegado antes, principalmente numa cidade carente como São Paulo. Isso mostra uma certa preferência [na liberação de recursos]. Agora, se isso vai beneficiar o candidato do PT de antemão não dá pra saber. Se para beneficiar o candidato do PT vir mais recursos sempre, eu vou comemorar?, ironiza o tucano.
Se por um lado os investimentos federais vão aumentar, o orçamento de São Paulo prevê que os repasses do governo estadual diminuirão de R$800 milhões para R$500 milhões em 2014. O valor é 33,5% menor que
O orçamento 2014 foi aprovado nesta quarta-feira (04) na Câmara em primeira votação, por 36 votos a favor e 10 contra. A próxima votação deve acontecer no dia 17 de dezembro, onde os vereadores poderão propor emendas e modificações. Antes disso, no dia 10 de dezembro, haverá uma audiência pública para discutir os valores.