O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), protocolou nesta terça-feira (22) requerimentos para que o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli seja convidado a prestar explicações em duas comissões da Casa - a de Fiscalização Financeira e Controle e a de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio.
Os requerimentos foram motivados pela ?guerra de versões? entre o governo federal e a antiga direção da Petrobras sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), negócio que gerou um prejuízo de US$ 530 milhões à estatal.
No domingo (20), Gabrielli concedeu entrevista ao jornal "O Estado de S.Paulo" na qual afirmou que a presidente Dilma Rousseff "não pode fugir da responsabilidade dela" na polêmica transação ocorrida em 2006.
À época em que a Petrobras adquiriu metade da refinaria norte-americana da empresa belga Astra Oil, Gabrielli comandava a petroleira e Dilma chefiava a Casa Civil e o conselho de administração da estatal.
Em março, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência ressaltou, por meio de nota oficial, que o conselho de administração presidido por Dilma aprovou a compra da refinaria do Texas com base em um documento "técnica e juridicamente falho". Segundo o comunicado, o relatório entregue aos conselheiros omitia duas cláusulas que, posteriormente, obrigaram a estatal a comprar a parte da Astra Oil.
Na entrevista ao "Estadão", Gabrielli assumiu que tem responsabilidade no relatório entregue ao conselho administrativo, mas dividiu o ônus com a chefe do Executivo federal.
"Eu sou responsável. Eu era o presidente da empresa. Não posso fugir da minha responsabilidade, do mesmo jeito que a presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do conselho. Nós somos responsáveis pelas nossas decisões. Mas é legítimo que ela [Dilma] tenha dúvidas", disse o ex-presidente da Petrobras ao jornal.
No requerimento de convite a Gabrielli, o líder do DEM afirma que as versões conflitantes do ex-presidente da Petrobras e da presidente Dilma Rousseff ?deixam mais nebuloso o caso Pasadena? e reafirmam ?a necessidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que trate exclusivamente dos ?malfeitos? na Petrobras?.
?Julgamos fundamental ouvir o que tem a dizer o Sr. Gabrielli, que dirigiu a empresa por anos e teve participação na aquisição de Pasadena, entre outros negócios. Trata-se de oportunidade para que eventuais mal-entendidos sejam esclarecidos, abrindo caminho para que a população brasileira entenda melhor o que se passa nos corredores e escritórios de empresa tão importante para o país?, afirma ainda Mendonça Filho no documento protocolado nas comissões.
O líder do Solidariedade, Fernando Francischini (PR), também defendeu a aprovação de convite para que Garbrielli fale na Câmara. "A compra da refinaria de Pasadena foi um péssimo negócio feito com o nosso dinheiro. Ela é um ferro velho que não faz refino, só distribuição", afirmou.
"Sérgio Gabrielli disse que a presidente Dilma tem responsabilidade nessa transação e tem que assumir a parte dela, mas não disse que parte é essa. Ele tem que explicar isso", completou o deputado.
CPI da Petrobras
As suspeitas envolvendo a aquisição da refinaria dos Estados Unidos e denúncias de que funcionários da Petrobras teriam recebido propina de uma empresa holandesa levaram a oposição a protocolar pedido para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a estatal.
No entanto, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu acatar pedido da base governista para que a CPI apure também suspeitas de cartel no metrô de São Paulo e suposto superfaturamento nas obras da refinaria de Abreu e Lima e do porto de Suape, em Pernambuco. Os dois casos ocorreram em estados governados por PSDB e PSB, partidos que devem disputar o Palácio do Planalto com a presidente Dilma Rousseff.
Inconformada com a decisão do presidente do Senado, a oposição recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar garantir que a CPI se limite a apurar as denúncias contra a Petrobras. A ministra Rosa Weber é relatora das ações movidas pelos oposicionistas. A magistrada decidirá se concede ou não liminar (decisão provisória) sobre o tema.