Nesta terça-feira (20), o governo brasileiro expressou, na Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia, na Holanda, que a ocupação de territórios na Palestina por Israel não deve ser considerada como algo normal pela comunidade internacional. A CIJ é o principal tribunal de justiça das Nações Unidas.
"A ocupação de Israel dos Territórios Palestinos, persistente desde 1967 em violação ao direito internacional e a numerosas resoluções da Assembleia Geral da ONU e do Conselho de Segurança, não pode ser aceita, muito menos normalizada pela comunidade internacional", disse a diplomata Maria Clara de Paula Tusco, representante do governo brasileiro no tribunal.
Ela continuou:
"Os eventos trágicos dessa data e as operações militares desproporcionais e indiscriminadas que se seguiram, no entanto, deixam claro que a mera gestão do conflito não pode ser considerada uma opção, e uma solução de dois estados, com um Estado palestino economicamente viável convivendo ao lado de Israel, é a única maneira de proporcionar paz e segurança para Israel e os palestinos", disse a representante brasileira em Haia.
A Corte Internacional tem conduzido uma série de audiências históricas ao longo de um dia, onde 52 Estados apresentaram suas posições sobre os 56 anos de ocupação israelense dos territórios palestinos e as implicações do conflito. O discurso do Brasil era aguardado, especialmente após o presidente Lula entrar em conflitos diplomáticos com Israel dois dias atrás.
Lula comparou as ações de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. No final da semana, ele classificou a resposta de Israel na Faixa de Gaza aos ataques do Hamas como "genocídio" e "chacina", fazendo uma comparação com o extermínio de milhões de judeus pelos nazistas liderados por Adolf Hitler no século passado.
"O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus", disse Lula. O petista fez a afirmação após ser questionado sobre a decisão de alguns países de suspender repasses financeiros à Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês)