A conversa telefônica entre Lula e Donald Trump, realizada de forma reservada nesta terça-feira (02/12), abriu um novo capítulo na relação entre Brasil e Estados Unidos. Segundo interlocutores do governo brasileiro, Lula aproveitou a ligação para pedir que Washington suspenda as sanções aplicadas a autoridades do país, incluindo medidas da Lei Magnitsky que atingem figuras como o ministro Alexandre de Moraes.
O presidente também solicitou a revisão das restrições de visto que afetam outros integrantes do governo, entre eles o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Nos bastidores, Lula relatou a auxiliares que Trump demonstrou receptividade ao tema. O republicano não fez promessas imediatas, mas, no Itamaraty, a avaliação é de que houve avanço político e espaço para negociação. A expectativa no Planalto é de que mudanças concretas possam surgir até janeiro, seja no afrouxamento das sanções tarifárias e migratórias, seja na flexibilização de restrições impostas a autoridades brasileiras.
O diálogo também girou em torno de segurança internacional. Lula propôs uma cooperação direta entre os dois países para enfrentar o crime organizado, com troca de informações e ações coordenadas contra redes transnacionais suspeitas de atuar também nos EUA. O presidente brasileiro ainda se apresentou como possível interlocutor com a Venezuela, oferecendo-se para facilitar a comunicação entre Caracas e a Casa Branca.
Pouco depois da ligação, Trump comentou publicamente o teor da conversa. Em sua rede Truth Social, disse que discutiu com Lula temas como comércio, crime organizado, sanções, tarifas e outros pontos sensíveis da relação bilateral. O ex-presidente lembrou ainda que a aproximação entre os dois começou em uma reunião nas Nações Unidas e afirmou acreditar que ambos já pavimentam o caminho para acordos significativos no futuro.