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Nobel de Economia ironiza Trump: não vive sem o suco de laranja do Brasil

Em artigo, Krugman afirma que o governo dos EUA está utilizando barreiras comerciais como instrumento de pressão política

Paul Krugman em encontro com Biden na Casa Branca, em agosto de 2023 | Foto: Adam Schultz/Official White House Photo
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O economista e Nobel Paul Krugman voltou a criticar o presidente Donald Trump nesta sexta-feira (1º) após o anúncio de novas tarifas, classificando a medida como ilegal e politicamente desastrosa. Em artigo, Krugman acusou o governo de usar barreiras comerciais como ferramenta de pressão política e disse que acreditar que os EUA podem forçar mudanças no exterior com ameaças tarifárias é “delírio de grandeza”.

Ele destacou o Brasil como exemplo mais grave, alvo de tarifas de até 50%, supostamente para punir o país por processar Jair Bolsonaro.

Não acho que nem o advogado mais ardiloso e sem escrúpulos conseguiria encontrar algo na legislação dos EUA que dê ao presidente o direito de impor tarifas a um país, não por razões econômicas, mas porque ele não gosta do que o Judiciário desse país está fazendo, escreveu.

Krugman ressalta que a legislação americana só permite tarifas temporárias em casos como proteção a indústrias, práticas desleais ou emergências econômicas — o que, segundo ele, não se aplica ao caso do Brasil.

O economista também questiona a eficácia da medida, lembrando que os EUA representam apenas 12% das exportações brasileiras.

“Trump e seus assessores realmente acham que podem usar tarifas para intimidar um país com mais de 200 milhões de habitantes a abandonar seus esforços de defesa da democracia, quando 88% das exportações brasileiras vão para países que não são os Estados Unidos?”, provocou. 

Krugman aponta contradições nas exceções feitas pelos EUA: o suco de laranja (90% vindo do Brasil) foi poupado, enquanto o café, que ele chama de “nutriente essencial”, foi tarifado. Segundo o economista, as sanções têm gerado efeito contrário ao pretendido. Assim como no Canadá, a pressão americana parece ter aumentado a popularidade do presidente Lula.

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