Rosa Costa revela na edição de hoje(27 de agosto) do jornal O Estado de São Paulo que o caseiro piauiense Francenildo dos Santos Costa acompanha nesta tarde, no Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento da ação do Ministério Público pela abertura de processo penal contra o ex-ministro da Fazenda e atual deputado Antonio Palocci (PT-SP) pela quebra de seu sigilo bancário. Será a primeira vez que Nildo, como é conhecido, comparecerá ao STF.
Nildo vai usar terno e gravata para a ocasião, também pela primeira vez. O traje exigido pelo tribunal foi providenciado por seu advogado.
O Ministério Público considera crime o envolvimento do ex-ministro no vazamento das informações obtidas com a violação da conta bancária do caseiro na Caixa Econômica Federal. O fato ocorreu dias depois de ele ter desmentido Palocci, na entrevista ao Estado em que revelou o que acontecia na casa frequentada pelo ex-ministro e seus amigos de Ribeirão Preto.
Nildo disse que não se surpreendeu com as previsões que dão como certa a rejeição da ação. Ele avalia que, tal como faria com seus amigos, os ministros vão atuar como "um amigo ajudando outro".
"Minha expectativa é que não façam comigo no STF, agora, o que fizeram no Congresso, quando me mandaram calar a boca", afirmou o caseiro, lembrando decisão do Supremo de 2006, requerida pelo senador Tião Viana (PT-AC). Na oportunidade, ele foi impedido de depor na CPI dos Bingos, instalada no Senado. Ele começou a conversar com os senadores, mas com a chegada do documento do STF em favor do então ministro da Fazenda, Nildo foi obrigado a se retirar da CPI.
O caseiro atribui as dificuldades que enfrenta na Justiça ao fato de ser "nordestino, pobre e sem estudos". Já quanto ao ex-ministro, disse que ele "está com a vida ganha" e não duvida que venha a se eleger governador de São Paulo. "Pelo andar da carruagem, tudo é possível."
O processo para ele ser indenizado pela Caixa Econômica Federal e pela revista Época pela quebra e a divulgação de seu sigilo bancário está concluído. Mas o gabinete do juiz responsável - Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara da Justiça Federal - informa que ainda não foi marcada a data para divulgação da sentença. Para seu advogado, Wlicio Chaveiro Nascimento, a hipótese de o Supremo rejeitar a ação do Ministério Público "é difícil de aceitar". "Eu me recuso a acreditar que o STF abandonará seus valores e princípios originais", argumentou.
"Seria uma verdadeira frustração para aqueles que ainda têm o tribunal como reserva moral e ética da Justiça brasileira", afirmou.