O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró vai prestar dois depoimentos à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (5). A informação foi confirmada pela advogada que o representa Alessi Brandão. Segundo a defesa, os interrogatórios estão marcados para as 10h e 16h30. No entanto, até as 9h30, a Polícia Federal (PF) não tinha confirmado o depoimento.
Cerveró é um dos investigados da Lava Jato e está preso na superintendência da PF em Curitiba desde o dia 14 de janeiro. O ex-diretor voltava de uma viagem a Londres e foi detido no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão).
Ainda segundo Alessi, um dos depoimentos será para esclarecer a compra de uma caminhonete avaliada em R$ 200 mil para a mulher de Cerveró. De acordo com o MPF, Fernando Soares, conhecido como Baiano, pagou R$ 220 mil em dinheiro vivo pelo carro que foi registrado em nome da esposa do ex-diretor. Baiano é apontado como um dos operadores do esquema de corrupção na Petrobras. Ele está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
O outro depoimento será para questionar possíveis contas bancárias de Cerveró no exterior, ainda conforme a Defesa.
Segundo o MPF, o ex-diretor recebeu propina em dois contratos firmados pela Petrobras, para construção de navios sonda, usados em perfurações em águas profundas. O pagamento, no valor total de 40 milhões de dólares, foi relatado pelo executivo Júlio Carmago, da Toyo Setal, que fez acordo de delação premiada no decorrer das investigações.
Em depoimento à Justiça Federal (JF) do Paraná, em outubro de 2014, Paulo Roberto disse que Cerveró recebeu propina na compra da refinaria da Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), o negócio gerou prejuízos de 790 milhões de dólares à Petrobras.
Cerveró foi diretor da área Internacional da Petrobras de 2003 a 2008, durante o governo do presidente Lula. Já no governo da presidente Dilma Rousseff, assumiu a diretoria financeira da BR Distribuidora, onde permaneceu até ser demitido do cargo, em março de 2014.
A compra de Pasadena foi aprovada, em 2006, pelo Conselho de Administração da Petrobras, que à época era presidido por Dilma Rousseff. Segundo a presidente, o resumo executivo que orientou o Conselho, e que foi produzido por Cerveró, era falho. Em julho, o TCU responsabilizou Cerveró e outros nove diretores e ex-diretores da Petrobras pelos prejuízos na compra.