O ministro Ciro Nogueira, da Casa Civil, comentou na sexta-feira (28), os novos capítulos da crise que envolve o Poder Judiciário e o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que prestasse depoimento pessoalmente à Polícia Federal em Brasília, o chefe do Executivo não compareceu. Em entrevista à CNN Brasil, Nogueira disse que “não é o momento de nós estarmos brigando”. As informações são do O Globo.
Bolsonaro é investigado em inquérito que apura suspeita de vazamento de documentos sigilosos de uma investigação da PF. O comparecimento presencial do presidente para prestar depoimento havia sido determinado na quinta-feira. Pouco antes das 14h desta sexta-feira, horário marcado para o compromisso, porém, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com recurso para adiar o depoimento. Bolsonaro não foi à Superintendência da PF no Distrito Federal e, posteriormente, Moraes rejeitou o pedido da AGU.
O episódio acirra a tensão entre os poderes e se soma a uma extensa lista de atritos do presidente da República com ministros do Supremo, e especialmente com Alexandre de Moraes, de quem Bolsonaro já pediu, inclusive, o impeachment. O presidente afirmou a fontes próximas que Alexandre de Moraes estaria o perseguindo e que teve a intenção de humilhá-lo ao determinar que o depoimento fosse feito pessoalmente nesta sexta.
À CNN Brasil, Ciro Nogueira disse achar que “esse tipo de situação não vem a contribuir para esse momento”. No entanto, o ministro afirmou que vai “tentar de todas as formas que as pessoas tenham bom senso”.
— Isso não é muito importante para o nosso país, quase não tem importância nenhuma na vida do cidadão, das pessoas que estão hoje querendo ter suas vidas de volta. Que a gente possa ter um país que possa gerar mais emprego e renda, que é o que importa a esse país. Essas disputas não valem a pena e nós vamos superar, eu tenho certeza disso.
Ainda segundo o ministro da Casa Civil, o momento é de respeito ao espaço de cada poder.
— É ruim, toda disputa, né, quando esses conflitos não fazem bem, principalmente nesse momento, não é o momento de nós estarmos brigando. É o momento mais de nós estarmos respeitando o espaço de cada poder, estarmos trabalhando juntos para termos um país melhor e para que essas pessoas que estão em casa, que estão sofrendo, desempregadas, sem ter às vezes como alimentar seus filhos, olham para a televisão e as pessoas estarem brigando, discutindo, disputando, isso não faz sentido — completou Ciro Nogueira.
A PF afirma que o presidente teve "atuação direta, voluntária e consciente" na prática do crime de violação de sigilo funcional, que é a divulgação de documentos sigilosos aos quais teve acesso em razão de seu cargo, em conjunto com o deputado bolsonarista Filipe Barros (PSL-PR). É a primeira vez que a PF imputa um crime a Jair Bolsonaro nos inquéritos em andamento contra ele.