O senador e ex-vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta sexta-feira (23), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que nunca recebeu ordens para atuar contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou para participar de qualquer tentativa de golpe de Estado no país.
Durante a oitiva, Mourão também negou ter sido alvo de monitoramento por parte de militares supostamente envolvidos em uma articulação golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem era vice, no poder.
A alegação de que Mourão era monitorado aparece na delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Segundo Cid, o ex-presidente teria determinado ações para verificar se Mourão mantinha encontros com o ministro do STF, Alexandre de Moraes, apontado como um dos alvos da suposta conspiração.
“Se eu tivesse que me encontrar com Vossa Excelência [Alexandre de Moraes], eu diria ao presidente Bolsonaro: ‘vou conversar com o ministro’. Não temos nada a esconder, não somos dois bandidos”, declarou o senador durante o depoimento.
Ainda conforme o relato de Cid, os primeiros pedidos de monitoramento partiram de Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima, ambos denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como articuladores do plano.
Depoimentos no STF
A Primeira Turma do STF deu início nesta sexta-feira à oitiva de testemunhas de defesa dos réus Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e da Casa Civil), investigados por envolvimento na tentativa de subverter o resultado das eleições de 2022.
A fase de depoimentos começou na segunda-feira (19) com testemunhas de acusação indicadas pela PGR. Já foram ouvidos, entre outros, o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior, e um diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Os depoentes confirmaram que Jair Bolsonaro participou de articulações para se manter no poder, mesmo após sua derrota nas urnas. As investigações continuam sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.