Mourão critica 'lideranças' e diz que Forças Armadas 'pagaram a conta'

Presidente em exercício não citou nomes durante pronunciamento de fim de ano neste sábado (31).

Mourão em discurso na TV | Reprodução
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O presidente em exercício, Hamilton Mourão fez um pronunciamento de fim de ano transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão, neste sábado (31), e criticou "lideranças" que, "com o silêncio", deixaram crescer um clima de desagregação no país e levaram para as Forças Armadas a conta por "inação" ou por um "pretenso golpe".

"Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a nação em torno de um projeto de país deixaram que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e de desasgregação social. E de forma irresponsável deixasse que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta. Para alguns, por inação, e para outros por fomentar um pretenso golpe ", afirmou Mourão.

Senador eleito, Mourão é o presidente em exercício porque, na sexta-feira (30), o presidente Jair Bolsonaro viajou para a Flórida, nos Estados Unidos. Assim, Bolsonaro termina o mandato em solo estrangeiro. Neste domingo (1º), o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assumirá a Presidência.

Mourão não citou nomes em sua fala de pouco mais de 8 minutos. Ele fez referência aos pedidos de parte do eleitorado de Bolsonaro para que as Forças Armadas atuassem para reverter o resultado da eleição.

Nos dois meses que se seguiram ao resultado da votação, Bolsonaro se manteve recluso na residência do Palácio da Alvorada e praticamente não falou em público, enquanto seus apoiadores acampavam em frente a quartéis do Exército fazendo reivindicações antidemocráticas.

Sem falar diretamente dos acampamentos, Mourão disse que é "equivocada" a "canalização de aspirações e expectativas para outros atores públicos que, no regime vigente, carecem de lastro legal para o saneamento do desequilíbrio institucional em curso".

Mourão afirmou também que a "alternância de poder em uma democracia é saudável e deve ser preservada" .

"Tranquilizemo-nos! Retornemos à normalidade da vida, aos nossos afazeres e ao concerto de nossos lares", completou.

Balanço do governo

O presidente em exercício fez um balanço do governo que termina. Ele citou esforços para combater as consequências da pandemia de Covid-19 e destacou avanços na área econômica:

"O governo que ora termina, ao longo de quatro anos, fez entregas significativas na Economia, no avanço da digitalização da gestão pública, na regulamentação da tecnologia da informação, na privatização de estatais, tendo promovido uma eficaz e silenciosa reforma administrativa, não recompletando vagas disponibilizadas por aposentadoria, além da renovação de nosso modelo previdenciário".

No pronunciamento, Mourão admitiu que "nem todas as empreitadas obtiveram o sucesso" esperado. Como exemplo, ele citou "percalços" na área ambiental:

"Na área ambiental, por exemplo, tivemos percalços, embora tenhamos alcançado reduções importantes no desmatamento da Amazônia".

Ele afirmou que "a região ainda necessita de muito trabalho e de cuidados específicos, engajando as elites e as comunidades locais, cortejadas permanentemente pela sanha predatória oriunda dos tempos coloniais".

Ele afirmou que a atual gestão vai entregar um país "equilibrado" para Lula.

Bolsonaro fora do país

Ao viajar para os Estados Unidos nesta sexta, Jair Bolsonaro abreviou o próprio mandato presidencial em dois dias. Na prática, ao deixar o país, o chefe do Executivo transmite o cargo para seu sucessor.

Bolsonaro não participará da cerimônia de posse de Lula – e, com isso, também não passará a faixa presidencial ao futuro presidente. A passagem da faixa é uma tradição que simboliza a alternância de poder e a força do sistema democrático.

Até a noite deste sábado, o cerimonial da posse ainda não tinha revelado quem passará a faixa a Lula. O gesto tem valor apenas simbólico, e mudanças nesse rito não têm qualquer impacto sobre a sucessão dos mandatos.

Com informações do g1

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